Cenas lamentáveis

A sessão de esclarecimento promovida anteontem à tarde pela Mesa da Assembleia Geral acabou por ser um momento importante nesta guerra em que o Sporting está metido.

O lamentável episódio protagonizado por uma dúzia de palermas da Juve Leo, inicialmente deixou-me muito triste e até desanimado, mas felizmente foi possível expulsar os arruaceiros e no fim até se viveram alguns momentos de grande sportinguismo, que me reanimaram.

Mas se calhar o que se passou ontem até foi bom para que se evitem cenas iguais ou piores na Assembleia Geral do dia 9, que tem todos os condimentos para acabar mal. Só que agora quem ficou mal na fotografia foi  a Direcção que por mais que se tente demarcar deste episódio, não poderá evitar acusações de estar por de trás do mesmo, coisa que eu até não acredito, pois era preciso serem muito estúpidos para encomendarem um trabalho daqueles.

Quanto à sessão em si acho que deu para perceber que se a impugnação vingar, a Mesa pondera convocar ela mesma a AG para outra data, o que me parece um cenário coerente com a actuação da equipa de Eduardo Barroso, que até aqui na minha opinião tem gerido muito bem esta complicada crise.

Mas duvido que tal seja necessário pois duvido que a impugnação tenha pernas para andar, pelo que me resta esperar que tudo corra sem grandes sobressaltos e que no final o veredicto dos sócios seja aceite por todos, o que não vai ser fácil dado o extremar das posições.

Neste momento é muito difícil para mim prever qual a tendência maioritária dos sócios em relação a esta questão, embora talvez mais por uma questão de fé do que outra coisa, acredite que a destituição vai vingar, até porque cenas como aquelas de ontem não ajudam nada a Direcção, mas para bem do Sporting ainda tenho uma ténue esperança de que Godinho Lopes acabe por se demitir e evite a humilhação final.

Seguiu-se a resposta de Godinho Lopes e atendendo à situação de "xeque"  quase "mate" em que se encontra, tenho de reconhecer que foi bem jogado da parte do Presidente, que acenou aos sócios com a "milagrosa" reestruturação financeira, apelou à necessidade de apoiar a recuperação da equipa de futebol, sem se esquecer de traçar aquele assustador cenário do vazio de poder e finalmente deixou no ar que no final da época estará disposto a provocar eleições antecipadas.

Podem ter a certeza que muitos sócios serão sensíveis a estes argumentos e estarão dispostos a dar-lhe mais uma oportunidade, no entanto se eu estivesse na Assembleia Geral e me fosse dada a oportunidade de falar teria de dizer a Godinho Lopes o seguinte:

Quanto a reestruturação financeira, depois da venda do património arquitectada no tempo do Soares Franco que iria deixar o passivo do Clube em valores que o tornariam governável, mas que afinal não só aumentou o passivo como deixou o Sporting mais pobre, veio a "operação harmónio" que também iria ter os mesmos efeitos, o que de facto aconteceu, mas ao contrário do programado o passivo continuou a crescer e as famosas VMOC's podem deixar o Clube cada vez mais pobre. Perante isto nem me apetece ouvir as explicações desse génio da gestão chamado Nobre Guedes, sobre mais uma milagrosa reestruturação com a sua chancela, porque pura e simplesmente já não acredito em nada que este homem possa dizer.

No que diz respeito ao futebol, infelizmente a época está perdida, e o que nos resto é apenas conseguir pelo menos igualar as nossas piores classificações de sempre no campeonato, ou seja o 5º lugar, que não deve ser considerado como um objectivo mas apenas como uma obrigação para este plantel, seja em que circunstâncias for. De resto deixar esta Direcção levar a época até ao fim seria colocar nas mãos deles a programação da próxima temporada o que atendendo a tudo o que esta gente já fez ao futebol do Sporting, não me parece lá grande ideia.

Passando para o tenebroso cenário do vazio de poder e todas as consequências terríveis que daí podem resultar, devo dizer que só o facto desta Direcção reconhecer que não estão garantidas as verbas necessárias para o cumprimento das obrigações do Clube/SAD até ao final da época, é o reconhecimento da sua própria incompetência, pelo que me parece não só preferível, mas até fundamental que se abra o caminho para quem possa apresentar soluções, e estou seguro que candidatos não faltarão.

Por tudo isto não me restaria outra opção que não fosse a de recusar uma nova oportunidade para quem manifestamente não a merece.

Para além disso o cenário de mais 4 ou 5 meses em plena campanha eleitoral, parece-me totalmente inadequado, servindo apenas para prolongar a agonia em que o Clube vive, numa altura em que necessita urgentemente de uma clarificação que só poderá passar por eleições, e quanto mais depressa melhor.

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