Afinal sempre são três

E pronto os dados estão lançados, vamos ter três candidatos, pois o Carlos Severino garante que vai até ao fim e se assim for espero que possa contribuir para um debate sério, mesmo que não tenha hipóteses de ganhar, mas preferia uma discussão a dois sem ruídos, apesar de vindos de alguém que me parece bem intencionado.

Quanto aos dois verdadeiros candidatos devo dizer que simpatizo com ambos e tenho esperança que a discussão se centre nas soluções que eles preconizam para o Sporting.

Espero explicações detalhadas sobre a forma como pensam ultrapassar a aflitiva situação financeira do Clube/SAD, que talvez seja aquilo que mais os separa, mas tenho a noção de que nesta área não há milagres e o futuro Presidente do Sporting Clube de Portugal corre sérios riscos de meter-se num grande buraco.

Quanto ao Futebol já se sabe que agora todos defendem a aposta na Academia e só espero que não se fale de jogadores ou treinadores, embora Jesualdo Ferreira seja um tema inevitável e ingrato para Bruno de Carvalho, depois daquele bate boca escusado entre os dois, adivinhando-se que o apoio de Couceiro ao Professor será assumido de uma forma muito clara.

Nesta área o nome que me interessa conhecer é o do homem forte do Futebol, principalmente do lado de Carvalho, porque José Couceiro e Jesualdo Ferreira por si só já dão algumas garantias.

É claro que teremos outros assuntos em discussão, como as modalidades, o pavilhão, a política de comunicação, as relações exteriores, os sócios e os núcleos, as claques e os interesses instalados, mas a outra questão que para mim é fundamental, é a pacificação do Clube, principalmente numa altura em que os resultados do Futebol dificilmente poderão ser aqueles que todos os sportinguistas desejam, e aqui parece-me que pelo seu carisma e pelas bases de apoio que tem, Bruno de Carvalho poderá ser o homem certo se souber domar a matilha que o segue, que dificilmente largará o pé de Couceiro, se for este a ganhar.

Espero que os candidatos consigam evitar o lado sujo da discussão, até porque se um tudo fará para descolar-se do rótulo de perigoso aventureiro, o outro tentará demarcar-se da ingrata posição de candidato da continuidade ou de homem da banca, mas não é isso que me interessa, até porque quem quiser ser Presidente do Sporting tem mesmo de ser um aventureiro e de trabalhar com a banca, no bom sentido é claro.

Para já Bruno de Carvalho, que entrou de peito feito e cheio de força. De facto é difícil não embarcar com este candidato, que tem carisma e sabe tocar na emoção das pessoas. Eu diria que este é daqueles que ou se ama, ou se odeia. Eu sinto-me muito tentado em ir com ele, até porque o Sporting precisa urgentemente de um Presidente assim, mas há algumas coisas que me preocupam e até assustam.

Do que não gostei foi de uma certa agressividade que ele adoptou, dirigindo ataques logo à partida à candidatura de José Couceiro, que depois se recusou a comentar, alegando que ainda não existia nada de concreto sobre a mesma, mas já prometeu dar outra conferência de imprensa para desmontar essa candidatura, para além de ter ameaçado pôr no tribunal a actual Direcção, parecendo desejar um acerto de contas em relação às eleições de 2011.

Do outro lado parece-me evidente que Couceiro parte com muito atraso em relação a quem já tinha a máquina pronta para arrancar, e vê-se que foi tudo feito à pressa depois de muitas hesitações e algumas dificuldades na construção das listas e na recolha de apoios, isto numa candidatura que quer demarcar-se claramente da linha da continuidade, embora no fundo neste momento tenha como principal base de apoio os que acima de tudo não gostam de Bruno de Carvalho, pelo que vai ter muitas dificuldades em entrar nos terrenos que já estão marcados.


Se me pedissem para caricaturar esta corrida eleitoral, eu diria que quando Bruno de Carvalho já estava com o carro ligado na 1ª fila da grelha de partida, José Couceiro ainda estava na oficina a afinar os motores, e assim que o sinal ficou verde, Carvalho arrancou velozmente desaparecendo na primeira curva, enquanto Couceiro tentava desesperadamente pôr o carro a trabalhar, talvez à espera de um empurrão, e Severino avançou lentamente no seu carro de bois, aos gritos "força cavalo, força cavalo!".

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