A resistência de Godinho Lopes

O Sporting Clube de Portugal atravessa mais uma grave crise institucional, que desta vez atingiu lamentáveis proporções, transformando-se numa verdadeira guerra aberta.

Com uma situação financeira assustadora e com o Futebol numa posição impensável, o Clube está completamente dividido entre uma Direcção agarrada ao poder e aqueles que reclamam a sua queda imediata.

Não se percebe bem a teimosia de Godinho Lopes, cujo projecto falhou em todas as vertentes, mesmo que agora acene aos sócios com mais uma reestruturação financeira e com a recuperação da equipa de Futebol sob o comando de Jesualdo Ferreira.

Godinho Lopes foi eleito de uma forma bastante polémica e teve uma votação minoritária, quer em numero de votos, quer no que diz respeito à quantidade de sócios, pelo que a sua legitimidade estaria sempre limitada  à sua capacidade para superar as desavenças com uma gestão convincente.

Mas o que aconteceu foi precisamente o contrário, logo a começar pelos problemas dentro da própria Direcção, passando pelo agravamento da situação financeira do Grupo Sporting e terminando numa gestão errática do Futebol, que já perdeu aqueles que eram os seus dois grandes pilares e já vai no 5º treinador, depois de uma serie de resultados nunca antes visto.

Por muito menos do que isto outros demitiram-se, mas Godinho Lopes continua a resistir às inúmeras pressões para se retirar, e até poderá estar disposto a enfrentar uma inédita Assembleia Geral com o intuito de o destituir.

Foram cerca de 800 os sócios que assinaram o requerimento para a referida Assembleia Geral, num movimento que partiu de uma iniciativa de dois jovens, e que teve uma adesão significativa, ultrapassando todas as expectativas.

As primeiras reacções foram de quase indiferença, mas à medida que os obstáculos foram sendo superados, começaram a surgir os sinais de desconforto. Primeiro foram as referencias à reabertura do mercado de transferências, onde já se viu que o objectivo principal desta Direcção é o emagrecimento da folha salarial da SAD, perante a aflição em que vivem, de tal forma que até os melhores jogadores estão em saldo.

Depois vieram as acusações a Daniel Sampaio, que segundo a comunicação social tinham origem em fontes do Conselho Directivo, não se percebendo o porquê do anonimato dessas fontes, a não ser que tudo não passe de mais uma invenção, como parece ter sido o caso, depois dos desmentidos dos visados, a começar pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral que garantiu a união da mesma.

A seguir surgiram as notícias de mais uma reestruturação financeira, que até poderia envolver um perdão de parte da dívida, ao que se juntaram os já tradicionais alertas para o perigo do aparecimento de aventureiros que podem pôr em causa a subsistência do Clube.

Depois de duas semanas de espera para que os serviços do Sporting verificassem a validade dos documentos apresentados, a Mesa da Assembleia Geral finalmente confirmou estarem cumpridos todos os pressupostos legais e estatutários, para a realização da Assembleia Geral extraordinária requerida pelos sócios, ao que o Conselho Directivo reagiu com desagrado em comunicado, considerando que esta decisão violava claramente os Estatutos, e acusando a referida Mesa de tomar uma posição parcial, não isenta, e de colagem ao ex-candidato Bruno Carvalho.

Entretanto os advogados entram em campo, e Dias Ferreira já quer não uma, mas duas Assembleias Gerais antes das eleições, quiçá para ganhar tempo para se preparar para concorrer outra vez, esperando-se outras leituras e novas tentativas de inviabilizar o confronto final que só poderá ser evitado se Godinho Lopes tiver o bom senso de se demitir antes.

Sinceramente cada vez me custa mais perceber o que é que move Godinho Lopes, mas nesta altura já não me custa nada acreditar que algo de muito tenebroso se passa no Sporting, porque chegou-se a um ponto em que parece que já vale tudo, de tal forma que temo muito o que o que aí vem.




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