A receita para salvar o Sporting

Bruno Carvalho era um quase desconhecido quando apareceu a correr por fora nas últimas eleições do Sporting e inicialmente até fiquei com uma boa impressão sobre ele, mas à medida que o entusiasmo à volta daquele jovem candidato surpresa foi crescendo, muito por força da sua capacidade para a pulso e quase sozinho se ter tornado no grande favorito à vitória, depois de partir quase do zero, as minhas dúvidas em relação a ele também foram aumentando.

No entanto teria votado nele se o pudesse ter feito. Não seria um voto muito convicto, mas seria um voto de quem pensava que o mais importante naquela altura era derrotar Godinho Lopes.

Fiquei muito decepcionado com aquela triste noite eleitoral, onde me parece mais ou menos claro que houve uma afinação para evitar a subida de Bruno Carvalho ao poder, mas acima de tudo sou do Sporting, pelo que fui obrigado a desejar os maiores êxitos à nova Direcção, no entanto sempre tive muitas dúvidas sobre a capacidade de Godinho Lopes para levar o seu mandato a bom porto.

Esta Direcção era um verdadeiro saco de gatos e colocar um livro de cheques e uma vassoura nas mãos da dupla Duque/Freitas foi no mínimo um enorme risco, ainda por cima com uma liderança que me parecia fraca e com necessidade de afirmação rápida, atendendo às duvidas sobre a sua legitimidade .

Mas hoje por incrivel que pareça tenho uma opinião sobre Godinho Lopes melhor daquela que tinha na altura em que ele foi eleito, acho mesmo que ele é o menos mau daquela lista que se foi desfazendo aos poucos, como de resto era previsivel, e até estou de acordo com esta inversão de rumo que ele está a tentar fazer. No entanto sei que por mais voltas que Godinho Lopes tente dar, nunca terá condições para ser o líder que o que o Sporting precisa, pois as feridas são profundas e com ele o Clube continuará dividido.

Voltando a Bruno Carvalho, devo dizer que para mim ficou claro que ele um dia iria ser o Presidente do Sporting Clube de Portugal, e a sua postura durante estes quase dois anos do mandato de Godinho Lopes, foi moderadamente critica, não deixando margens para muitos reparos, mas agora parece-me que o facto de ter reentrado em cena é perfeitamente normal, numa altura em que as eleições antecipadas são um cenário provavelmente muito próximo.

Por falar em eleições devo também dizer que na minha opinião quanto mais cedo melhor, pois como já disse Godinho Lopes nunca terá condições para dar a volta ao texto, mesmo que consiga arranjar os tão desejados investidores para a SAD, ou que tenha finalmente descoberto as vantagens de apostar na formação, por isso parece-me um desperdicio de tempo estar a prolongar esta agonia em que vivemos, na esperança de que a bola comece finalmente a entrar na baliza adversária, se possível já na próxima 2ª feira, como se isso resolvesse alguma coisa.

É que para além dos assustadores problemas financeiro e desportivo que o Sporting tem para resolver com urgência, acresce o facto de o Clube estar hoje completamente dividido e órfão de uma liderança forte, que já não existe desde a saída de João Rocha, o que torna gigantesco o desafio que se vai pôr ao próximo Presidente leonino.

E é aqui que voltamos a Bruno Carvalho que é o mais provavel condenado a tal tarefa. Não sei se ele tem capacidade para arranjar um forte suporte financeiro para o seu projecto, mas terá de ter a consciência de que sem isso não vale a pena avançar, sob pena de se vir a tornar no novo Jorge Gonçalves, pois Ricciardi e cia vão seguramente tirar-lhe o tapete. Também não faço a minima ideia se ele poderá vir a ser um bom gestor desportivo, embora os nomes que ele conseguiu desencantar em Março de 2011 (Inácio, Van Basten e Virgílio) não fossem propriamente entusiasmantes, mas o que acima de tudo não acredito é que ele seja capaz de unir a família sportinguista, e sem isso ou acontece um milagre ou daqui a uns meses estamos outra vez a discutir as mesmas coisas, mas em posições invertidas, e é isso que me assusta, pois não sei quanto tempo mais vai o Sporting aguentar a viver neste estado de guerrilha, em que os nossos piores inimigos são os sportinguistas.

Dinheiro, vitórias e paz, eis a receita para salvar o Sporting, será que há alguém com capacidade para a aplicar?

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