Todos com Sá Pinto

A semana foi agitada para Ricardo Sá Pinto que viu outra vez a porta pequena a ser-lhe aberta, de tal forma que era convicção generalizada que se o Sporting não ganhasse ao Gil Vicente, a sua caminhada como treinador do Sporting teria chegado ao fim.

Acossado de vários lados, o treinador percebeu que tinha de mudar alguma coisa e resolveu mudar quase tudo, abdicando do seu 4x3x3 para apostar num 4x1x3x2, se bem que Valentín Viola não me pareceu ser propriamente um segundo ponta de lança, mas antes um avançado móvel, que gosta de descair para os  flancos, pelo que se calhar devemos antes falar num 4x1x4x1.

Para além da entrada do argentino na equipa, tivemos outras alterações, logo a começar pelas inesperadas saídas de Elias e André Carrillo. E se em relação ao brasileiro não tenho nada a dizer, pois é um jogador que tendo qualidade, parece-me deixar muito a desejar em termos profissionais e que não vai ser fácil de despachar, quanto ao peruano já não diria o mesmo, pois talvez fosse o jogador em melhor forma nesta equipa, pelo que substituí-lo por Danijel Pranjic‎ me pareceu uma opção muito discutível, que ainda por cima empurrou Diego Capel para a direita, onde acho que só deve estar pontualmente.

Finalmente tivemos o regresso de Fabián Rinaudo para a posição de trinco, onde teve uma actuação positiva, embora Gelson Fernandes talvez não merecesse ser sacrificado, mas não foi por aí que se perdeu ou ganhou, julgo que são dois bons trincos.

Na defesa regressou Insúa, o que me parecia uma opção quase obrigatória, pois nunca percebi a saída do argentino da equipa, enquanto Xandão manteve a titularidade mas voltou a borrar a pintura, confirmando que não é la grande coisa.

Com tantas alterações não se poderia esperar que a equipa colectivamente estivesse oleada, mas essa natural falta de rotinas foi superada pela inequívoca vontade de ganhar que todos os jogadores revelaram, entrando logo com tudo e lutando até à exaustão, mostrando que estão com o treinador e desmentindo alguns rumores.

Onde faltou entrosamento sobrou raça e ninguém ficou à espera que as coisas acontecessem, mesmo que o Gil tivesse chegado ao golo muito cedo, fruto de um duplo erro da defesa leonina, ao qual o Sporting reagiu de forma positiva, perante uma equipa que a ganhar se recolheu inteiramente ao seu meio campo.

Embora não tenha estado no Estádio, parece-me que até o excessivamente assobiador público de Alvalade, percebeu que toda a gente estava a dar o que tinha e apoiou como pôde, mesmo nas piores alturas.

Com o passar dos minutos foi aumentando a ansiedade e o jogo parecia perdido, só não ficando sentenciado porque Rui Patrício segurou o 0-1, enquanto Ricardo Sá Pinto ia arriscando tudo como se não houvesse amanhã, e não havia mesmo.

A reviravolta aconteceu quando eu sinceramente já não acreditava e foi essencialmente fruto do querer de todos os que estavam em campo, restando agora saber como é que isto vai ser aproveitado e se esta vontade de ganhar vai continuar, ou se foi apenas uma reacção aos acontecimentos mais recentes, que pelo menos mostrou que os jogadores estão com o treinador.

Também estou para ver se aquele abraço do Duque ao Sá Pinto é mesmo sentido, e quero especialmente perceber como é que o treinador vai gerir esta vitória, que todos lhe ofereceram, e como vai retocar uma equipa que viveu muito com o coração, mas que pareceu pouco sólida e que precisa de tempo.

Para já Ricardo Sá Pinto pôde respirar fundo, pois teve o apoio de todos, quando estava metido num grande aperto, resta saber se ainda vai a tempo de se safar e se tem capacidade para isso.

Comentários

  1. Bom, este jogo contrariou de facto tudo o que eu pensava que seria. Principalmente na aposta da equipa que jogaria.

    Aquilo que me pareceu foi que esta equipa foi colocada em desespero de causa, colocando Sá Pinto em campo os jogadores que sabia estarem com ele incondicionalmente, abanando com todos os outros. Tentou também dar um pendor muito mais ofensivo à equipa.

    Quando vi a equipa tive medo que não resultasse e que fosse efectivamente o fim de Sá Pinto à frente da equipa. No entanto assim que o jogo começou, sentiu-se que havia ali uma vontade de vencer, de lutar pelo Sporting (e pelo seu treinador) tão forte que imediatamente cativou os adeptos. Eu estive lá e posso confirmar aquilo que dizes em relação aos adeptos. De facto ao longo de toda a partida os adeptos estiveram ao lado da equipa, apoiando nos momentos mais complicados. Penso que isto aconteceu pela vontade que a equipa mostrava e que entusiasmou os adeptos. Aquele golo logo no inicio quando já tinhamos desperdiçado duas oportunidades excelentes, foi sentido por todos como um soco no estômago e de uma injustiça gritante, de tal forma que todos se juntaram para ajudar a equipa a superar as dificuldades. Foi um jogo muito emociante, vivido intesamente por todos no estádio, e felizmente desta vez saímos todos felizes! :)

    Espero que esta vitória tenha sido o início da reviravolta, e que a partir de agora venham as boas exibições e bons resultados. Tenho esperança que seja um excelente tónico para arrancarmos uma grande época.

    Esta minha esperança também vem devido às parecenças deste jogo com o jogo também da 4ª jornada da época passada (em Paços de Ferreira 2-3). Nesse jogo tal como agora chegámos sem ainda termos vencido, pelo que a vitória era premente. Começámos o jogo praticamente a perder com um erro repartido entre Rui Patricio e o árbitro. A grande diferença desse jogo para este foi que no início da segunda parte sofremos mais um golo (que também poderia ter acontecido no lance que referiste) e portanto tivémos de marcar apenas 2 e não três como no ano passado. Mas existem ainda mais duas aproximações... é que um dos golos foi com assistência de Insúa e o golo da vitória foi marcado por Van Wolswinkel!
    Curiosidades...

    Atento

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  2. Em termos tácticos, com tantas mudanças quer de esquema, quer de jogadores, a equipa foi uma confusão, como não podia deixar de ser. Aliás, mesmo Sá Pinto não conseguiu (apesar de ter tentado) explicar o esquema em que a equipa jogou.
    Vou tentar apresentar o esquema que me pareceu de início:
    A seguir aos quatro defesas, onde felizmente voltou Insúa, Sá Pinto optou por colocar a trinco Rinaudo em detrimento de Gelson. Confesso que gosto bastante de ambos, mas espero que Sá Pinto não se lembre de jogar com os dois ao mesmo tempo. Rinaudo tem mais experiência de clube e será mais lider, daí a opção para este jogo, e saíu-se muito bem.
    À frente de Rinaudo, penso que a opção foi jogar com Izmailov ao meio e com Pranjic como interior esquerdo. Pranjic aparecia às vezes na esquerda, mas pareceu-me partir do meio. Isto foi algo que mudou ainda antes do intervalo quando o croata se lesionou e entrou Labyad, que jogou claramente muito mais encostado à esquerda, deixando desde logo, Izmailov sozinho no meio.
    Depois na frente, a aposta foi de encostar Capel na direita que na primeira parte mal se viu, Ricky mais ao meio e Viola a deambular de um lado para o outro com muita liberdade.

    Na segunda parte quando decidiu arriscar colocou em campo uma táctica Kamikaze, sem sentido e que podia ter custado caro, não fosse a grande raça da equipa e o Gil Vicente não ter conseguido aproveitar o buraco no meio campo. Porque na realidade, estivemos a jogar com um único médio (Izmailov) durante a última metade da segunda parte. Tirou Xandão para colocar Carrillo e na realidade o Rinaudo passou a jogar a central. Penso que a intenção deveria ser que ele continuasse a ser médio a atacar e defesa a defender, mas ele acabou por encostar lá atrás e raramente saíu. Depois quando tirou Viola (que gostei bastante na primeira parte, mas na segunda mal se viu, foi quase uma troca com Capel, se bem que este na segunda parte viu-se mais, mas também não foi muito) colocou em capo Jeffren a 10, que na realidade só atacava.
    Em suma, acho que foram todas opções de desespero, e espero que Sá Pinto tenha mais cabeça de futuro, tentando no entanto capitalizar a raça da equipa com mais sentido tactico.

    Como tu, estou também curioso para ver os ajustes que Sá Pinto fará na equipa na próxima jornada.

    Saudações Leoninas,
    Atento

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  3. A questão que se coloca agora é que este plantel foi claramente desenhado para o 4x3x3 e jogando num 4x4x2 clássico talvez se tenha de sacrificar um dos extremos para equilibrar mais o meio campo (com o Gil jogou o Pranjic à esquerda, mas também pode jogar o Izmailov à direita), ou então os extremos tem de ajudar mais e ficam só dois homens mo meio, mas temos muitos candidatos a esses dois lugares.

    Para além disso só temos dois avançados no plantel, e o Viola não me impressionou muito, embora tenha sido o primeiro jogo. De qualquer forma mostrou-se lutador e capaz de descair para os flanco, aparecendo preferencialmente na esquerda a compensar a ausência do extremo desse lado.

    Parece-me que a equipa até foi bem montada, mas depois a perder e com o tempo a passar foi tudo ao monte e fé na raça. Mas a verdade é que o plantel não está desenhado para este sistema

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