Esteve quase

Esta meia final do Europeu foi bastante diferente daquilo que eu esperava, pois durante os 90 minutos assistiu-se a um jogo muito equilibrado, com Portugal a conseguir bloquear completamente o famoso tica-taca dos espanhóis, com mais uma exibição defensivamente quase perfeita, falhando apenas na hora de sair para os ataques rápidos, o que em parte também se deveu à apertada vigilância exercida sobre Cristiano Ronaldo.

Assim poucas foram as jogadas de perigo junto a ambas as balizas, pelo que o prolongamento era quase inevitável, e digo quase porque o primeiro grande momento deste jogo aconteceu em cima do minuto 90, quanto finalmente Portugal arrancou para uma transição rápida com Cristiano Ronaldo em excelente posição para marcar, infelizmente o passe de Meireles não saiu redondinho e o Capitão que já ia embalado teve de travar para ajeitar a bola e quando rematou já estava apertado.

Perdeu-se assim a grande oportunidade de se fazer história, mas este não era o dia de Cristiano Ronaldo, que ainda teve três livres em boa posição, mas não conseguiu acertar nenhum. De qualquer forma o empate na altura era o resultado justo

No prolongamento tudo foi diferente, principalmente porque enquanto Del Bosque que não fora feliz ao apostar em  Negredo, fez três substituições que melhoraram a sua equipa e ainda se deu ao luxo de deixar no banco jogadores como Torres, Llorente, ou Mata , Paulo Bento teve de recorrer a um miúdo e a Custódio, apenas para retirar os jogadores mais desgastados, antes de a 10 minutos do fim do prolongamento tentar arriscar um pouco mais, com a entrada de Varela, numa altura em que a Espanha já tinha tomado conta do jogo.

Aí valeu Rui Patrício que finalmente teve oportunidade de mostrar o seu grande valor, com duas excelentes defesas que seguraram o zero a zero e levaram a eliminatória para os penalties, onde mais uma vez o nosso guardião brilhou defendendo o remate de Javi Alonso, mas infelizmente João Moutinho que foi a par de Cristiano Ronaldo a grande figura desta Selecção, também falhou naquele que foi na minha opinião o segundo momento chave desta meia final, o que não deixa de ser curioso e cruel, pois acabaram por ser os dois melhores jogadores desta equipa a ficarem ligados pela negativa aos momentos que poderiam ter decidido tudo a nosso favor.

Costuma-se dizer que os penaltis são uma lotaria onde nem sempre ganham os melhores, mas neste caso e atendendo ao que aconteceu no prolongamento, tenho de aceitar que a Espanha acaba por ser um justo vencedor. Nós estamos mais perto mas ainda não conseguimos chegar lá, no entanto conforme Paulo Bento afirmou no final do jogo, provámos que podíamos fazer frente às duas melhores Selecções da Europa, e esse é um mérito que terá de ser inteiramente atribuído ao nosso Seleccionador, que pegou numa equipa em farrapos e levou-a até aqui.

É claro que Cristiano Ronaldo fez a diferença muitas vezes, mas dele até se pode esperar mais, agora a construção de uma equipa extremamente bem organizada e defensivamente muito sólida,  é o fruto do trabalho de um Seleccionador jovem, sobre o qual se levantaram algumas dúvidas e muitas desconfianças, mas que mostrou sempre grande coragem e enorme competência. É ele o grande vencedor nesta equipa e o maior responsável pelo meritório comportamento de Portugal neste Euro, que com um pouco de sorte até poderia ter sido verdadeiramente épíco.

Agora até podemos estar à procura de explicações para a derrota nos penaltis, na escolha e ordem estabelecida para os jogadores marcarem, na hesitação entre Nani e Bruno Alves, ou no “panenka” de Sérgio Ramos, mas os penaltis a este nível não tem explicação e a prova disso é que até é frequente que sejam os especialistas a falharem, como já aconteceu com jogadores como Maradona, Roberto Baggio, Zico, Platini ou Cristiano Ronaldo, acontece, é uma questão de momento, a pressão é gigantesca, e estar a atribuir culpas a este ou àquele é tão racional como dizer-se que que a ausência do Eusébio foi determinante para a derrota de Portugal.

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