Podia ter ficado resolvido

O Sporting terá feito ontem talvez a melhor exibição da época, num jogo que confesso que me surpreendeu, principalmente pela resposta que a equipa deu no capítulo físico, talvez beneficiando da paragem do campeonato português, mas julgo que principalmente por influência do trabalho de Sá Pinto, que realmente conseguiu dar alma a uma equipa que estava morta.

Nem a ausência de Matias Fernandez se fez notar, pois André Martins entrou muito bem, fazendo uma excelente 1ª parte, de tal forma que o chileno só foi lembrado na altura de alguns livres junto à área do Bilbau, onde realmente fizeram falta os seus traiçoeiros remates cruzados.

O Sporting entrou muito bem no jogo, surpreendendo quem esperava uma equipa mais na expectativa, e assim foi possível não só manter os bascos longe da baliza de Rui Patrício, que teve uma noite relativamente tranquila, como criar várias situações de perigo na área do Athetic, onde apenas faltou alguma eficácia na concretização, com Van Volfswinkel a movimentar-se bem, mas a falhar muito na pontaria.

De resto tivemos um Sporting muito bem organizado, alternando um futebol feito de combinações rápidas com a ajuda de dois laterais muito ofensivos, com as transições velozes, sempre que o adversário se pôs a jeito e até recorrendo ao jogo directo quando era necessário.

Na ponta final do 1º tempo, o ritmo de jogo baixou e o Bilbau conseguiu finalmente aproximar-se da área leonina, embora sem criar grande perigo, perante uma defesa que apenas revelou algumas dificuldades quando a bola sobrevoava a sua área, pelo que a única oportunidade de golo aconteceu na sequência de um livre perto da área, quando Llorente cabeceou à vontade, mas por cima da baliza.

O zero zero ao intervalo sabia a pouco, mas a exibição do Sporting mostrava que afinal este Bilbau não era tão forte como o quiseram pintar.

A 2ª parte começou sem alterações no cariz do jogo, até que por volta dos 53 minutos aconteceu o primeiro momento do jogo, com o árbitro e o seu fiscal de linha a deixarem passar aquilo que poderia ter sido um penalti e na jogada seguinte o Bilbau marcou, na sequência de um livre, onde Insua não foi feliz no corte e Polga ficou a marcar com olhos, como é seu costume.

Já parece implicação da minha parte com o capitão leonino, mas ele é realmente muito mau nestas jogadas aéreas, mesmo que no resto, até tenha feito uma exibição irrepreensivel e seja um jogador muito experiente, com grande sentido posicional e muito forte nos desarmes.

Voltando ao jogo, o Sporting sentiu o golo como um fulminante soco no estomago, enquanto do lado contrário o efeito foi precisamente o inverso, de tal forma que durante alguns minutos a eliminatória pareceu estar resolvida, e aquela bola que bateu no poste, depois de um canto em que Rui Patrício e toda a defesa ficaram a ver a banda passar, foi um autêntico milagre.

Entraram então em campo os treinadores, e Bielsa até reconheceu que terá errado ao tirar Herrera, no entanto na minha opinião, quem teve verdadeiramente influência na reviravolta foi Sá Pinto, que percebeu que a equipa se tinha amassado e que era fundamental dar-lhe um sinal de inconformismo e crença, e assim lançou Carrillo no jogo, retirando o médio mais defensivo. Izmailov passou para o meio e André Martins recuou para o lado de Schaars.

A equipa respondeu ao repto do treinador, mas Van Volfswinkel voltou a falhar, desta vez desperdiçando uma daquelas oportunidades que não se podem perder, ainda por cima numa altura como aquela. O holandês tem escola e potencialidades para evoluir, mas um ponta de lança não pode falhar três ocasiões num jogo destes e aposto que Llorente não o fará, se tiver oportunidades para isso em San Mamés, o que poderá fazer toda a diferença.

Naquela altura seguramente que a esmagadora maioria dos sportinguistas sentiram que estávamos perante mais um daqueles dias de fatalismo, que muitas vezes tem perseguido o Clube, no entanto Sá Pinto não desistiu e já preparava a entrada de Rubio, quando Insúa conseguiu finalmente o golo do empate, de uma forma que retrata a crença e a raça que Sá Pinto conseguiu transmitir à equipa, onde este lateral argentino é realmente um poço de força e muita garra, tendo merecido o prémio, depois de várias tentativas e da infelicidade no lande do primeiro golo do jogo.

Mesmo assim o treinador leonino não recuou e mostrou que queria ganhar, trocando o esgotado André Martins pelo segundo ponta de lança, com Izmailov a recuar, mostrando quão útil pode ser ter um jogador capaz de desempenhar tantas funções dentro do campo.

O prémio surgiu poucos minutos depois, quando Capel concretizou a reviravolta com um grande pontapé de fora da área, naquele que terá sido o seu ultimo suspiro, depois de mais uma enorme exibição, plena de talento mas também de muito suor.

Faltavam 10 minutos e a dúvida agora era como ia reagir Sá Pinto à nova situação do jogo. Talvez fosse previsível a entrada de Renato Neto, mas o treinador leonino provavelmente escaldado por situações anteriores, preferir lançar Pereirinha, não mexendo na estrutura da equipa e principalmente não dando sinais para recuar, parecendo antes querer aproveitar a embalagem para chegar ao 3-1. Só foi pena que Carrillo tenha falhado por pouco a possibilidade de construir um resultado mais justo e tranquilo, teria sido a cereja no topo de um bolo superiormente confeccionado por Ricardo Sá Pinto.

Em resumo, tivemos um Sporting surpreendente, que poderia ter resolvido a eliminatória já em Alvalade, mas que também esteve à beira do KO, acabando por ser empurrado por Sá Pinto para uma vitória justa, mas que sabe a pouco. Agora em San Mamés vai ser preciso marcar pelo menos um golo e se possível primeiro do que o Athetic, mas será seguramente mais complicado do que foi na Ucrânia, mas esperemos que não tão dramático quanto em Manchester.

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