Depois das entrevistas

Na sequência do tristemente célebre "caso Paulo Pereira Cristóvão" e apesar do "blackout" decretado para isolar a área desportiva desta polémica, o Presidente Godinho Lopes sentiu a necessidade de dar uma entrevista, onde me pareceu que implicitamente reconheceu que este caso não seria apenas fumo, embora se tenha demarcado dos alegados comportamentos menos correctos do seu vice, não de coibindo de afirmar que no lugar dele se teria demitido, e indo mesmo mais longe, ao dizer que noutras circunstâncias teria provocado eleições antecipadas.

A resposta de Paulo Pereira Cristóvão não se fez esperar, também através de uma entrevista, onde para além de garantir a sua inocência, afirmou-se vitima de uma orquestração, que pelo que se depreende das suas declarações, quando diz saber a origem desses ataques, virá de dentro do próprio Sporting.

Depois de ler estas duas entrevistas e de reflectir sobres todos estes acontecimentos, parece-me evidente que o Direcção do Sporting Clube de Portugal está partida a meio e que só não caiu porque o Clube atravessa uma fase desportivamente decisiva, sem esquecer a Assembleia Geral de ontem, onde foram aprovadas medidas consideradas fundamentais para atrair os investidores estrangeiros, que Godinho Lopes tanto procura.

No entanto depois de terminada a época desportiva, o Clube pode ir para eleições, onde Godinho Lopes poderá aparecer numa posição muito mais forte, principalmente se as coisas correrem bem dentro das quatro linhas, e se já tiver o tal investidor externo assegurado, porque é evidente que o próximo passo será vender às talhadas a participação do Clube na SAD.

Resta saber quais os trunfos que Pereira Cristóvão têm na manga, que lhe terão permitido sobreviver à facção que defendia o seu afastamento imediato, e como irá ele reagir num cenário de demissão da Direcção de que faz parte e onde parece ter muita força.

De resto apesar da famosa presunção de inocência, a verdade é que poucos serão os que acreditam em Pereira Cristóvão, que tudo leva a crer que se quis armar em Pinto da Costa, mas com muito pouco jeito, e mesmo que acabe por ser absolvido por falta de provas e pelas questões processuais do costume, não deixará de ser visto como um homem que manchou o nome do Sporting, porque já se sabe que isto se irá arrastar durante vários anos, sem que se chegue a nenhuma conclusão suficientemente esclarecedora, prevalecendo a imagem mais forte, que é a que hoje passa na opinião publica.

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