Um ano depois

O dia 26 de Março de 2011 ficará marcado na história do Sporting, pela realização das mais disputadas e polémicas eleições da história do Clube.

Um ano depois, Godinho Lopes o Presidente então eleito não tem muitas razões para sorrir. A aposta fortíssima na equipa de futebol ficou muito aquém das expectativas, o que já levou inclusivamente ao despedimento do treinador Domingos Paciência, depois da equipa ter ficado muito cedo arredada da discussão dos três primeiros lugares do Campeonato, que nesta época dão acesso aos tão desejados lugares na Liga dos Campeões.

Mesmo assim a campanha europeia tem de ser considerada positiva, e ainda poderá vir a dar mais algumas alegrias aos sportinguistas, sem esquecer a Taça de Portugal, que está apenas à distância de uma Final com a Académica.

No entanto a verdade é que a política de contratações, oscilou entre a descoberta de alguns bons reforços como Schaars, Van Volkswinkel e Capel, ou mesmo Insua, Carrillo e Elias, apesar do preço deste último ser claramente excessivo, e uma brigada de reumáticos, liderada por Jeffrén, mas que também conta com Rodriguez, Rinaudo e Onyewu, sem esquecer Luís Aguiar, uma contratação inexplicável e Bojinov um fiasco anunciado.

O pior de tudo, foi que não se reforçou o sector mais fraco da equipa, o que já obrigou uma ida ao mercado de Inverno, onde Carlos Freitas descobriu mais uma "pérola" com o nome de Ribas, e teve de apostar num central que ainda está em fase de adaptação, mas que dificilmente será aquele patrão que tanta falta faz na defesa.

As questões politicas também não correram da melhor forma, pois Luís Duque fez-se refém de uma infeliz entrevista que deu no inicio da época, onde ao dar um voto de confiança aos árbitros quiçá fiado em que as suas palavras contribuiriam para um bom relacionamento com os homens dos apitos e bandeirinhas, teve como troco as já habituais roubalheiras que muito contribuíram para os maus resultados da equipa de futebol, isto já para não falar na falta de respeito do costume, que acabou com mais um boicote aos jogos do Sporting.

Apesar de tudo isto a Direcção do Sporting resolveu apoiar para as eleições da FPF, uma lista que propunha a continuidade de Vítor Pereira à frente da Comissão de Arbitragem, mesmo que Luís Duque tivesse aparecido a jogar noutro tabuleiro, onde estava o seu amigo Seara, que no programa "Prolongamento" mostra sempre estar muito bem informado sobre a vida do Sporting.

De resto não acredito que Duque vá aguentar muito mais tempo neste autêntico "saco de gatos" que é a Direcção do Sporting, que já teve uma baixa, precisamente no sector onde as coisas parecem estar a funcionar melhor, pois é indesmentível que há mais gente no Estádio, apesar dos resultados não ajudarem muito, mas Barbosa também não deixou saudades.

Mesmo com esse acréscimo nas receitas, a verdade é que os resultados financeiros foram um desastre, o que levou a Direcção a recorrer a todo o tipo de expedientes para antecipar receitas, mas as perspectivas não são brilhantes, até porque as desejadas receitas da Liga dos Campeões já eram, pelo que a venda dos jogadores com mais mercado poderá ser inevitável.

Entretanto Godinho Lopes continua à procura de investidores, e nesse sentido a passagem da Sporting Património e Marketing para a SAD, envolvendo a exploração dos direitos de
superfície do Estádio José Alvalade e o aumento de capital da Sociedade, revelam um esforço para atrair capital, mas a pergunta é a de sempre: quem vai querer investir numa sociedade com um passivo monstruoso e que dá prejuízos ano após ano, e ainda por cima para ficar numa posição minoritária?

Em relação a outras promessas feitas por Godinho Lopes, há a destacar a revisão dos Estatutos, que realmente trouxe muitas alterações positivas, embora o "Regulamento eleitoral" ainda esteja por fazer. Para além disso foi feita ao tão falada auditoria, que no entanto não serviu para nada, nem trouxe grandes novidades.

Foram dados mais alguns pequenos passos no sentido de se construir o Pavilhão, mas este é um projecto que terá sempre grandes problemas para resolver em termos de financiamento, pelo que não acredito muito que tenha pernas para andar, nesta altura.

Em termos de comunicação, o site teve algumas ligeiras melhorias e chegou mesmo a transmitir um jogo da NGT, mas ainda há muito para fazer, enquanto a Sporting TV for apenas um sonho adiado, e talvez até inviável.

Pela positiva a salientar o esforço para unir os sportinguistas, que dada a posição de fragilidade em que esta Direcção entrou em funções, era quase um caminho obrigatório, mas Godinho Lopes tem tentado e chegou mesmo a colocar-se à disposição dos sócios para uma secção de esclarecimento, revelando muita coragem.

As modalidades não escaparam à crise, e o dado mais relevante foi a derrota da equipa de Atletismo masculino, no Campeonato Nacional.

Mas espremendo bem tudo isto, pode-se dizer que passou um ano e o que esta Direcção fez foi uma aposta forte no futebol, que falhou em larga medida, para além de ter criado condições para a que a revisão dos Estatutos fosse uma realidade, ou seja um balanço que de positivo tem muito pouco.

Vamos aguardar o segundo ano.

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