E agora já conhecem?

O Sporting voltou a surpreender um Manchester City aburguesado, que apesar da derrota em Alvalade, entrou em claramente convencido de que tudo seria uma questão de tempo, mas Sá Pinto optou e muito bem, por uma estratégia destemida, na procura de um golo que me parecia fundamental para passar esta eliminatória, pois não estava a ver o Sporting com aquela defesa, a resistir 90 minutos sem sofrer um golo, daí que fosse muito importante marcar primeiro que o adversário e se possível na 1ª parte, porque com zero a zero ao intervalo Mancini iria certamente puxar pelas orelhas dos seus craques e as dificuldades aumentariam no 2º tempo, ainda por cima quando se sabe que alguns dos nossos melhores jogadores não tem pedalada para 90 minutos de alto ritmo.

Tivemos assim um Sporting descarado e atrevido, já a respirar alguma confiança depois das últimas exibições positivas, que conseguiu superiorizar-se ao seu adversário, atingindo o primeiro objectivo com inteiro mérito, quando eram decorridos 33 minutos de jogo, uma hora linda.

Chegados aqui dei comigo a pensar que a nova meta seria chegar ao intervalo a ganhar, mas eis que melhor do que o bom foi o óptimo e aconteceu o 2-0, que me fez pela primeira começar a acreditar convictamente na passagem à próxima eliminatória, pois agora eram necessários 4 golos para o City dar a volta ao texto e o relógio passaria a ser o melhor amigo do Sporting.

Ao contrário do que estava à espera Mancini não meteu Dzeko logo no reinicio, o que permitiu ao Sporting continuar a respirar durante mais 10 minutos , mas quando o bósnio entrou percebi logo que a sua presença na área iria ser um grande problema para uma defesa que particularmente fraca no jogo aéreo e não foi preciso esperar muito tempo para que surgisse o golo de Aguero, graças à habitual passividade de Polga, que ficou no meio da área sem marcar ninguém.

Reagiu de imediato Sá Pinto, fazendo entrar Renato Neto para o lugar de Matias Fernandez e trocando Capel por Jeffrén. Percebia-se a estratégia numa altura em que era preciso dar músculo ao meio campo e sabendo-se que o chileno não tem pilhas para um jogo inteiro, enquanto o ex Barcelona está moralizado e poderia ser importante numa altura em iam haver mais espaços nas costas da defesa do City.

No entanto não resultou, a equipa começou a recuar muito, passando a jogar praticamente com seis defesas e deixou de ter capacidade para possuir a bola, ao mesmo tempo que fisicamente se ia abaixo.

Agora ia ser necessário sofrer e ter muita cabeça porque apesar de tudo este City também não atravessa um grande momento e vive mais do talento de alguns dos seus avançados do que da sua qualidade enquanto equipa e o que acabou por equilibrar uma eliminatória que chegou a parecer estar resolvida, foram mais as debilidades do Sporting do que os méritos do Manchester, e o árbitro é claro, porque estes gajos são iguais em todo o lado.

Faltavam 15 minutos para o fim quando Kun Aguero fez precisamente o mesmo que Matias Fernandez tinha feito na 1ª parte, tentando sacar um penalti, sendo que o chileno até foi tocado, enquanto em relação ao argentino tenho muitas dúvidas pois as imagens não são esclarecedoras, quem não hesitou foi um árbitro, que no primeiro caso mostrou amarelo ao jogador do Sporting e no segundo apontou para a marca do penalti. Estava reaberta a eliminatória e voltei a temer o pior.

Entretanto Sá Pinto já tinha voltado a mexer na equipa fazendo entrar Carrillo para o lugar do desgastado Van Volkswinkel, uma alteração que também não resultou, pois o peruano a jogar no meio esteve como peixe fora da água e a única coisa que fez foi colocar Aguero em jogo no lance do terceiro golo, mesmo que seja imperdoável que o Argentino estivesse completamente sozinho no 2º poste num canto, com Polga outra vez a dormir.

Parecia que este não era o dia de Sá Pinto, pois já Renato Neto ficara ligado ao golo do empate num lance em que entrou de uma forma pouco prudente, e agora ainda faltavam mais de 10 minutos para o fim e bastava um golo para que o City passasse para a frente.

Confesso que cheguei a desanimar e passou-me pela cabeça desligar a televisão e ir jantar, mas não consegui, resisti e sofri até ao fim pois a verdade é que Balotelli teve o apuramento na cabeça, o que seria um prémio completamente imerecido para um jogador com muito talento, mas que é completamente estúpido, sempre armado em parvo com aquela cara de mau que parece assustar todos, até os árbitros.

No fim para não variar o heroí do costume, Rui Patrício, que até tinha revelado alguma intranquilidade pouco habitual nele, num ou noutro lance, mas que voltou a ser decisivo, evitando aquilo que seria uma derrota muito dolorosa e garantindo um apuramento que espantou a Europa, deixando os sportinguistas em euforia pois ninguém acreditava nisto.

No entanto não vale a pena exagerar, pois não passámos de repente a ser a melhor equipa do mundo, e os problemas continuam lá naquela defesa de papel que quase perdia uma eliminatória em meia hora, depois de ter 3 golos de vantagem.

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