O onze de Domingos

Três meses depois do arranque da temporada, já se pode dizer que temos um novo Sporting com a marca de Domingos Paciência, que assenta num 4x3x3 com um onze base já estabelecido, mesmo que o lugar de Carrillo possa estar destinado a Jeffrén.

No entanto até chegarmos aqui houve algumas hesitações que custaram 7 pontos no Campeonato, mesmo que alguns deles tenham ficado marcados pelos apitos e bandeirinhas do costume.

É verdade que o Sporting começou a época sem extremos, daí que inicialmente Domingos tenha apostado em algumas variantes do 4x4x2, mas com a chegada de Jeffén, Capel e Carrillo, percebeu-se imediatamente que o 4x3x3 era o modelo de jogo idealizado.

O que não se percebeu foi a insistência em jogadores como Postiga e Yannick, que na minha opinião não tem características para jogarem neste sistema, onde se exige um ponta de lança que saiba jogar sozinho na área e possa garantir pelo menos 20 golos por época e extremos fortes no 1x1 com capacidade para desequilibrar e para ir à linha cruzar, tudo o que os dois jogadores atrás referidos não são capazes.

Para além disso mantiveram-se os problemas na defesa, embora aqui as responsabilidades tenham de ser assacadas a quem não foi capaz de contratar o jogador que deveria ter sido a prioridade, ou seja um patrão para este sector.

Em vez disso contrataram-se dois jogadores que podendo ser úteis, um porque acrescenta os centímetros que faltavam àquela defesa e o outro porque é rápido e experiente, não tem a qualidade indiscutível que possa marcar a diferença.

Para além disso Onyewu chegou muito pesado e com falta de ritmo e Rodriguez parece que tem músculos de papel, por isso Domingos até teve de jogar com a mesma defesa da temporada passada, com os resultados que se conhecem.

Entretanto chegou Insúa que realmente acrescentou muita qualidade ao lado esquerdo da defesa, mas em relação ao meio continuo a ter muitas reservas e espero que em Janeiro ainda se vá a tempo de resolver essa lacuna.

No meio-campo o trio constituído por Rinaudo, Schaars e Elias, tem inegável qualidade, de tal forma que André Santos e Matias Fernandez passaram à condição de suplentes, embora qualquer um deles possa entrar, quando Domingos quiser dar mais consistência ou criatividade a este sector, onde também há Izmailov, embora com este não se saiba bem se se pode contar.

De resto o russo também poderia jogar nas alas, onde os dois espanhóis são realmente excelentes reforços e o jovem peruano está a aproveitar as oportunidades resultantes das lesões de Jeffrén e Izmailov, para mostrar o seu talento, embora ainda muito em bruto.

A segunda posição mais carenciada era sem duvida a de ponta de lança, e as primeiras indicações de Van Volkswinkel não foram as melhores, pareceu-me um jogador lento e pouco ágil, ao contrário do jovem Rubio que pode ter sido um achado.

No entanto o holandês quando entrou na equipa começou a marcar golos e parece estar a adaptar-se bem ao nosso futebol, podendo vir a ser uma aposta bem sucedida, o que acabou por apagar a boa estrela do chileno.

Quem me parece que dificilmente deixará de ser um flop é Bojinov, um jogador que tem tudo para não dar certo. Muito mediático e caro, chegou gordo e lesionado, e não parece ter grande motivação para ir muito mais longe do que já foi. Para além disso parece ser um jogador mais talhado para o 4x4x2, do que para o 4x3x3, pois nem é um extremo, nem é um ponta de lança, é mais um segundo avançado, tipo Postiga, mas menos trabalhador.

Concluindo poderemos dizer que esta é uma equipa com talento e condições para fazer uma boa época, embora ainda tenha muito trabalho pela frente e alguns testes da verdade para superar.

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