Vergonha

Confesso que estou em estado de choque. Acompanhei pela televisão as peripécias desta madrugada, até ao discurso final de Godinho Lopes, pelo que quando me deitei já passavam das 5 da manhã, mas mesmo assim tive grandes dificuldades em adormecer, e acordei por volta das 8 horas, num estado em que só me lembro de ter estado duas ou três vezes na minha vida.


Pela primeira vez sinto vergonha do Sporting ao ponto de até colocar em causa a minha condição de sócio, porque o que aconteceu ontem foi uma farsa impensável que temo possa ter efeitos irreparáveis no futuro do Clube.


Estava a acompanhar simultâneamente as reportagens da SIC e da RTP que relatavam que já teriam sido anunciados os resultados finais e que os elementos da Lista C estavam lá dentro a festejar, ao mesmo tempo que Rogério Alves saia confirmando a sua vitória e a de Bruno Carvalho com quem assegurava que não teria problemas de convivência institucional, quando de repente surgiu um primeiro rumor do volte face.


Do silêncio à previsível revolta foi um passo e o que se seguiu foi uma vergonha para todos. A versão apresentada por João Lino de Castro negando que houve uma contagem inicial que dava vantagem a Bruno Carvalho e afirmando que começaram por contar os votos das mesas dos sócios mais recentes, faz tanto sentido como dizer-se que Eduardo Barroso ganhou a eleição para Assembleia-Geral, quando se sabe que muitos dos apoiantes da Lista C não gostam dele e não iriam dar-lhe o seu voto, pelo que evidentemente que a Lista C teria de ter mais votos para a Direcção do que para a AG.


De resto toda a cerimonia que ocorreu no auditório do Estádio cheirou a farsa, pelo que nesta altura sou forçado a admitir as razões daqueles que andam há anos a alertar para a probabilidade de terem acontecido coisas muito graves na gestão do Sporting dos últimos anos, e passo a ser mais um a defender a urgente realização de uma auditoria externa.


Para lá disso prevejo um futuro muito negro para o Sporting. Já tinha escrito que estes senhores deveriam ter reconhecido que com eles nunca mais haveria paz retirando-se pacificamente para o bem do Clube, mas não só não o fizeram, como deram ontem uma machadada final nas possibilidades de pacificação do Sporting, de tal forma que não me parece que eles tenham condições para governar e nem me atrevo a prever o que virá a seguir, porque sei que não será nada de bom, ao ponto de estar em perigo a subsistência do Sporting Clube de Portugal, enquanto um grande Clube que sempre foi até à data, e é com uma lágrima no canto do olho que escrevo isto porque não vejo nenhuma solução em perspectiva.

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