Um Sporting em guerra

Acompanhei ontem com interesse a entrevista de Godinho Lopes ao Dia Seguinte onde foi visível a necessidade que o novo Presidente do Sporting tem de mostrar serviço já. Com apenas um dia útil de gerência, a nova Direcção multiplica-se em acções, com o Presidente na Academia, Carlos Freitas a atacar as aquisições, Paulo Cristóvão a tratar do Pavilhão, Pedro Ferreira da Plataforma Digital, Carlos Barbosa das relações com os sócios, e a auditoria já em cima da mesa nesta semana. Compreendo a vontade de mostrar serviço e a necessidade de apelar à união de todos, tentando passar uma esponja em tudo o que se aconteceu nos últimos dias, mas não acredito que Godinho Lopes consiga pacificar o Clube. As feridas são demasiado profundas. Temos um vice-presidente que chamou burros aos sócios e estes nunca lhe vão perdoar, temos outro vice que de líder da oposição passou para o lado da situação, adoptando uma postura igualmente muito agressiva, uma traição que também não vai ser esquecida. Se Bettencourt ganhou com 90% dos votos e no dia seguinte tinha uma guerrilha interna organizada para o derrubar, Godinho Lopes com apenas 36%, vai ter de enfrentar uma guerra aberta. Quem vai pagar tudo isto vai ser a equipa de futebol, que atendendo à situação de fragilidade em que se encontra não sei se conseguirá resistir. Os próximos jogos principalmente em Alvalade vão ser dramáticos, porque nas bancadas não se distinguem os sócios com 25 votos dos de 1 só voto, ali cada sócio vale apenas por um e os contestatários vão estar em maioria. Neste momento eu até tenho muitas dúvidas de que Domingos Paciência vá cumprir o acordo que terá feito com Carlos Freitas, só se quiser arranjar lenha para se queimar, porque nenhum treinador que vier para o Sporting vai ter paz, mesmo que uma nova temporada e novos jogadores possam renovar a esperança dos adeptos. A margem de erro será zero, e ao mínimo dissabor o novo treinador e os reforços desta Direcção serão os primeiros alvos a abater, tal como aconteceu com Paulo Bento, portanto ou há um milagre e o Sporting desata a ganhar todos os jogos, ou a próxima época já está perdida mesmo antes de começar. Financeiramente prevê-se um recuo, pois a juntar à crise temos a desmobilização de muitos sócios e adeptos descontentes, que seguramente não vão comprar nada e alguns até podem deixar de pagar as cotas. Enfim o cenário é preocupante e ontem enquanto ouvia Godinho Lopes bem tentei acreditar nele mas não consegui. Por alguns momentos regressei aos tempos do Sousa Cintra, que nunca consegui apoiar com muita convicção, pois embora sempre tenha desejado as suas vitórias porque essas seriam as vitórias do Sporting, nunca acreditei que ele fosse capaz de ter sucesso. Por isso lamento acima de tudo que as pessoas que dirigem o Sporting há 16 anos não tenham percebido que o seu tempo acabou, o Sousa Cintra ao menos teve essa capacidade e desamparou a loja quando viu que já não dava para mais. Assim só me resta desejar que eu esteja enganado e que Godinho Lopes consiga dar a volta por cima, porque caso contrário ou isto acaba depressa ou o Clube atrasa-se irremediavelmente.

Comentários