Na hora de escolher

Acredito que a maioria dos sócios do Sporting Clube de Portugal vão optar pela mudança de rumo, opção essa que julgo resultará essencialmente de dois factores fundamentais, como são o desgaste e o reconhecimento da falência deste modelo de gestão e as debilidades da lista da continuidade, que começam logo no seu líder, aos quais se poderá acrescentar a excessiva agressividade que tem sido utilizada nesta campanha, dando a sensação de algum descontrolo da parte de quem parece estar a agarrar-se desesperadamente ao poder.

Mas depois de tomada essa decisão importante, o grande desafio que se coloca aos sportinguistas será o de escolher entre as quatro propostas de rotura que se lhes apresentam como alternativas à da continuidade, havendo logo aqui o perigo de uma dispersão de votos tal, que possa não só enfraquecer o vencedor, como até dar a vitória ao candidato que a maioria quer rejeitar, pelo que o factor "voto útil" será certamente algo a considerar.

Devo dizer que tenho consciência da situação difícil em que se encontra o nosso Clube, pelo que não estou à espera de milagres e que nenhum dos quatro candidatos presentes me convenceu totalmente, pelo que a escolha terá de ser um pouco por exclusão de partes.

Assim logo à partida arrumo duas das opções: Abrantes Mendes porque simboliza apenas aquela minoria irredutível que é sempre do contra, e que no caso dele tem a agravante da sua teimosia em levar até ao fim uma candidatura motivada apenas pela sua vaidade e ânsia de protagonismo, e Dias Ferreira que tendo começado com muita força, depressa mostrou não ter nada estruturado, ao ponto dele próprio reconhecer que teve dificuldades para formar as suas listas, aparecendo nesta corrida apenas alicerçado na sua imagem mediática de adepto fervoroso, que se ganhasse seria uma espécie de Sousa Cintra com um Dr. atrás, mas sem dinheiro à frente.

Restam assim as duas opções que logo à partida mais me agradaram. Bruno Carvalho começou por me parecer um candidato que não entrava nisto para ganhar, mas por mérito inteiramente seu, chegou à linha da frente, e nem sequer precisou de mostrar grandes trunfos. É ele que sobressai pela sua garra e juventude, e foi ele que gerou esta onda de entusiasmo que se criou à sua volta. Pelo contrario Pedro Baltazar revela enormes dificuldades em passar a sua mensagem, apesar de se perceber que sabe do que está a falar, e que poderá estar melhor preparado do que o seu rival, para ultrapassar as dificuldades que aí vem.

Infelizmente não vou votar, pelo que não terei de tomar uma decisão no dia 26, mas se fosse provavelmente o factor voto útil seria decisivo para a minha opção, e assim votaria Bruno Carvalho, mesmo não estando muito convencido em relação ao seu Fundo e ainda menos no que diz respeito a Van Basten.

Para além disso votaria na esperança de que ele venha a ser o líder que já nos falta há muitos anos, um homem capaz de acordar este Leão adormecido. Seria um voto de fé e de risco, um voto na ambição em detrimento de um candidato menos brilhante, mas que me deixaria mais descansado, embora menos expectante, um voto a premiar o carisma de um e a castigar a falta de jeito do outro.

Pedro Baltazar até me parece um homem preparado para ser Presidente do Sporting, mas não é capaz de o demonstrar, ás vezes faz-me lembrar José Roquete, como um peixe fora de água quando debaixo dos holofotes, ao contrário de Bruno Carvalho que brilha intensamente, e com o qual não posso deixar de simpatizar, mesmo tendo muitas dúvidas e alguns receios.

Mas a hora é de arriscar e oxalá este seja para o nosso bem, um momento de viragem histórico na vida do Sporting Clube de Portugal.

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