Uma lesão providencial

O futebol é apenas um jogo, e como tal nem tudo o que acontece durante aqueles 90 minutos tem uma explicação lógica e objectiva, como ontem se viu no Estádio José Alvalade.

O Sporting entrou muito mal no jogo, e não deu para se perceber se a ideia de Paulo Sérgio era apostar no 4x4x2 clássico, ou se pelo contrário Postiga ia jogar um pouco mais recuado em relação a Liedson, no 4x2x3x1 anunciado por certa imprensa. O que se viu foi o Braga a mandar no jogo, porque com a subida dos seus laterais, ficava em superioridade numérica no meio campo.

Foi então que Postiga teve de sair por impedimento físico, e aquilo que à partida seria um contratempo para o técnico leonino, foi uma dádiva vinda dos céus, pois Paulo Sérgio inteligentemente percebeu que era fundamental equilibrar o meio-campo, e em vez de lançar Saleiro, optou por Salomão, recuando Valdés para o miolo e ganhando assim um verdadeiro 10, ao mesmo tempo que equilibrava as forças no miolo.

Os efeitos foram quase imediatos, e como se não bastasse até foi Salomão a marcar o golo inaugural, ao que se seguiu o segundo, e só não veio o terceiro porque o árbitro resolveu marcar uma falta inexistente a Liedson, quando este se isolava a caminho do 3-0.

Aqui no entanto há que dizer que o primeiro golo foi precedido de um fora de jogo indiscutivel, o que não invalida a já conhecida falta de vocação para arbitrar do Paixão.

Quando tudo parecia bem encaminhado, o Braga fez o seu golo regressando à discussão do jogo, numa altura em que ainda nem tínhamos atingido os 20 minutos, o que de imediato fez pairar no estádio um certo receio da habitual tremideira do Sporting nestas ocasiões.

No entanto a equipa desta vez portou-se bem, controlando o jogo de forma inteligente, embora tenha sido pouco eficaz a sair para o contra-ataque, mas o meio-campo com Zapater e André Santos em bom plano, e com o apoio de todos os outros jogadores, a começar no infatigável Liedson, foi suficientes para as encomendas, sobrando apenas algum trabalho para Rui Patrício, com o nosso guarda-redes mais uma vez a mostrar que está cada vez mais próximo de ser aquilo que só alguns não queriam ver.

Mas como se costuma dizer, vozes de burro não chegam ao céu, o que também se pode aplicar aos assobios que se ouviram quando Nuno André Coelho entrou, numa altura em que era visível o desgaste de certos jogadores, pelo que a opção de Paulo Sérgio foi perfeitamente compreensivel, até porque no banco não havia muito por escolher, tendo produzido os efeitos desejados, garantido à equipa a solidez necessária para chegar ao fim do jogo sem sobressaltos.

Enfim foi um jogo que correu bem, mas não podemos exigir ao Liedson que faça todas as vezes aquilo que fez ontem, nem se pode esperar que as bolas entrem sempre tão depressa como desta vez, em que para variar ninguém acertou nos ferros da baliza adversária.

Parece-me pois que Paulo Sérgio terá que encontrar um equilíbrio entre uma estratégia mais arriscada que deverá envolver sempre Liedson e mais um no ataque, e outra mais equilibrada, com um 10 no apoio ao homem da frente, que não terá de ser necessariamente Liedson. Se isto for conseguido, talvez possamos chegar ao fim da temporada sem grandes sobressaltos, e com alguns retoques, que na minha opinião passam inevitavelmente pela contratação de um ponta de lança e de um central, poderemos construir uma equipa muito mais forte para a próxima temporada.

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