A demissão de Bettencourt

José Eduardo Bettencourt foi eleito Presidente do Sporting Clube de Portugal em Junho de 2009, com uma esmagadora maioria de quase 90% de votos, e na altura escrevi aqui que talvez ele fosse o único elemento da chamada "oligarquia", capaz de recolocar o Sporting nos eixos, naquilo que seria a última oportunidade deste grupo de dirigentes, que tem liderado o Clube desde o aparecimento do Projecto Roquete.

19 meses depois Bettencourt demitiu-se, depois de desbaratar completamente o prestigio que tinha junto à massa associativa leonina, naquele que foi um mandato tragicamente decepcionante.

Á parte do projecto de reestruturação financeira, com o qual eu nunca concordei, mas que parece estar a decorrer dentro daquilo que foi planeado por Nobre Guedes, e de um arranque aglutinador que deu origem a uma bem sucedida campanha de angariação de sócios, Bettencourt falhou em toda a linha, principalmente no futebol, que era precisamente a área na qual eu mais me identificava com ele e acreditava na sua experiência e capacidade.

No entanto tenho de reconhecer que "Paulo Bento forever " foi um erro, porque mesmo que eu continue convencido que esse era teoricamente o melhor caminho para o Sporting, na pratica já se sabe que é quase impossível um treinador sobreviver, quando tem metade da bancada contra ele.

O pior é que daí para a frente Bettencourt praticamente não acertou uma. Um treinador a prazo desde o primeiro dia, directores desportivos sem perfil para o cargo, algumas contratações disparatadas, os casos Moutinho e Izmailov, não podiam resultar noutra coisa senão em resultados medíocres que evidentemente foram motivando uma crescente contestação, com a qual o Presidente nunca soube conviver, embora aqui eu tenha de reconhecer que é preciso ter muito estômago para aturar certo tipo de gente, principalmente esta nova geração que domina o ciber espaço, onde abunda o insulto fácil e o baixo nível.

Assim a demissão parece-me ter sido uma boa decisão para todos, pois a situação actual é praticamente insustentavel, e este foi o momento certo para agir, numa altura em que há tempo para se criarem condições para o aparecimento de alternativas.

Neste momento já se fala numa possível passagem de testemunho para um dos vice-presidentes, que me parece pouco aconselhável e sem pernas para andar, pois esse hipotético novo Presidente não iria sobreviver mais do que uns meses.

Chegou a altura de se dar novamente voz aos sócios, sim é preciso pagar as cotas para ter uma palavra válida na definição do futuro do Clube, isso de mandar umas postas de pescada na internet, é muito fácil mas não vale nada.

O grande problema nesta altura é que em termos financeiros o Sporting está falido e completamente hipotecado, pelo que por mais boa vontade que haja não estou a ver soluções magicas para tirar o Clube do buraco, mas fico à espera do aparecimento de alternativas, e já agora do bom senso dos actuais dirigentes que devem sair de cena com dignidade.

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