José Couceiro

A noticia da entrada de José Couceiro para as funções de Director Geral da SAD do Sporting, apanhou toda a gente de surpresa, deixando no ar naturais dúvidas sobre o alcance desta medida, e principalmente em relação á futura convivência com Costinha.

Aqueles que me conhecem sabem que há muito tempo que defendo a necessidade da existência de alguém que coordene todo o edifício do futebol leonino, pelo que naturalmente fico satisfeito por finalmente se ter avançado por esse caminho.

Para além disso o nome de José Couceiro agrada-me, e parece-me que ele pode ser o homem certo para estas funções tão abrangentes, pela sua reconhecida experiência em diversas áreas do futebol, e também pela sua postura de pessoa de carácter e bom senso.

Há no entanto uma questão que não pode ser ignorada, que é a posição de Costinha, e a convivência entre ambos, pois por mais que se diga o contrário, a verdade é que o actual Director Desportivo vê o seus poderes fortemente reduzidos, e esta remodelação só avançou porque o seu desempenho está longe de ser satisfatório.

Ora conhecendo-se a personalidade de Costinha, que entrou no Sporting como um elefante numa loja de porcelanas, fazendo muitos estragos, alguns irreparáveis, vamos ver como é que ele vai engolir esta "despromoção", mas parece-me que não vai durar muito tempo no seu lugar, e para dizer a verdade não deixará saudades.

Com Costinha, ou sem Costinha, o que interessa é que José Couceiro consiga pôr alguma ordem na casa, mesmo que não se esperem milagres, mas é urgente que a SAD entre no rumo certo, que na minha opinião passa inevitavelmente por uma aposta cada vez mais decidida nos jogadores da Academia, que no entanto precisam do apoio de um núcleo duro que forme a espinha dorsal da equipa.

Ora aqui é que está o problema, pois o Sporting tem 4 ou 5 jogadores muito experientes, mas todos já no fim da linha e com pouco mais a dar, faltando depois qualidade na faixa de jogadores que estão no auge das suas carreiras, onde talvez só João Pereira tenha o nível que se exige para o Sporting.

Sem dinheiro para reforçar a equipa, parece-me que nos resta esperar pelo amadurecimento rápido de jogadores de grande qualidade, como Rui Patrício, Daniel Carriço e André Santos, aos quais tem de ser dado tempo e apoio e condições para crescerem, à medida que outros possam ser integrados, não faltando matéria prima com qualidade para isso na Academia, e no lote dos emprestados.

O que não se pode fazer é vender um jogador como o Moutinho por um preço longe de ser irrecusável, para gastar esse dinheiro em craques duvidosos como Torsiglieri, Valdés, Zapater ou Nuno André, já para não falar no Pongolle, ou mesmo no Matias Fernandez.

É claro que há alturas em que tem de se vender, porque também não se pode cortar as pernas aos melhores jogadores, e há outros que podem ser rentabilizados, pois não sendo assim tão bons como isso, há que aproveitar as oportunidades de negócio que aparecem, mas na hora de comprar a selectividade tem de ser muito estreita.

O grande problema é que os adeptos não querem saber nada disto, muitos gostam é de nomes sonantes, e não tem paciência para dar tempo aos miúdos, nem sensibilidade para perceberem que eles não são, nem podem ser jogadores feitos, de um dia para o outro.

Em Alvalade vigora a cultura do assobio, e a paciência para com esta geração de dirigentes está praticamente esgotada, de tal forma que Couceiro ainda nem entrou em funções e já está a ser cozido em lume brando, pelo que dificilmente não será mais um para ficar queimado, pois há muita gente que nesta altura que mais do que as vitórias do Sporting, o que quer é sangue.

No entanto parece-me que ele sabe perfeitamente o que vai encontrar, pelo que espero que tenha a coragem necessária para fazer tudo o que deve ser feito, no sentido de ser garantido o futuro do futebol do Clube, que não pode continuar a navegar à vista desarmada, e tem de tomar um rumo próprio, precisando para já de um timoneiro conhecedor, perspicaz e corajoso, para superar as dificuldades do momento complicado que se atravessa, e preparar solidamente o futuro.

Comentários