Um ano decepcionante

Há um ano atrás José Eduardo Bettencourt foi eleito Presidente do Sporting Clube de Portugal de uma forma esmagadora, aparecendo como o homem que seria capaz de dar um novo impulso ao que resta do "Projecto Roquete", naquilo que talvez fosse o último fôlego desta geração de dirigentes.

Bettencourt prometia uma reaproximação aos adeptos e um maior investimento no futebol, por via de uma reestruturação financeira há muito planeada, mas se as campanhas de angariação de novos sócios foram relativamente bem sucedidas, assim como os "raides" junto dos núcleos espalhados por todo o mundo, onde o Presidente surpreendeu muita gente com um estilo a raiar o populismo, quase tudo o resto foi uma decepção, sobrando apenas o processo de construção do pavilhão que parece bem encaminhado.

A reestruturação financeira foi finalmente aprovada, mas continua adiada, enquanto o passivo vai crescendo depois de uma época totalmente desastrada no futebol, onde a aposta na continuidade de Paulo Bento se revelou como um grande erro, ao qual se somaram outros, como a politica de aquisições e as apostas em Sá Pinto e Carvalhal.

De tropeção em tropeção, Bettencourt resolveu dar plenos poderes a um Director Desportivo com um estilo musculado como é Costinha, e depois de muitas hesitações deixou fugir Vilas Boas, trocando-o por Paulo Sérgio, ao mesmo tempo que foi afastando alguns elementos da estrutura directiva, cada vez mais magra.


As politicas de relacionamento com os parceiros e rivais, também parecem ser um mar de equívocos. Sem firmeza para enfrentar "ratos velhos" como o Costa e o Vieira, e continuando a acreditar na regeneração da Liga, apesar de tudo o que aconteceu na última temporada, Bettencourt apareceu em subalternidade ao lado dos presidentes dos outros grandes, e apoiou a lista de Fernando Gomes e consequentemente a recondução de Vítor Pereira no comando da arbitragem.

Enfim foi um ano decepcionante, onde se salvou o Andebol com a conquista da Taça Challenge, e a formação que continua a crescer e a dar frutos, tornando-se cada vez mais a imagem de marca do Clube.

Agora vem aí mais um ano que se prevê muito complicado e onde se colocam a Bettencourt grandes desafios, mas as expectativas são cada vez mais baixas e a onda que ele pareceu capaz de formar à sua volta está a desvanecer-se no meio de tantos erros e obstáculos, pelo que o chamado "estado de graça" que costuma estar associado aos inícios de mandatos, neste caso foi tão rápido que até os mais pacientes já estão fartos, de tal forma que a cobrança vai ser grande, se calhar grande de mais para as possibilidades deste Presidente.

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