Ganharam os melhores

Depois de atingido o objectivo mínimo obrigatório, Carlos Queirós tinha pela frente o grande desafio da sua carreira de Seleccionador, frente a uma Espanha que está num patamar claramente acima daquele onde Portugal se encontra, apesar do nosso 3º lugar no ranking da FIFA.

À partida colocavam-se duas duvidas em relação ao onze inicial: quem seria o lateral direito, e como iria jogar a equipa em termos ofensivos, mas Queirós resolveu mexer também no meio-campo, trocando Pedro Mendes por um Pepe que está ainda numa fase muito atrasada na sua recuperação, uma opção pouco compreensível, até porque não íamos defrontar uma daquelas selecções muito poderosas fisicamente, pelo que não me parece que se tenha ganho nada com essa mexida.

Ainda menos compreensível foi a opção por Ricardo Costa para o lado direito da defesa, uma solução que já contra o Brasil tinha revelado as suas debilidades, e cuja intenção parece ter sido fechar por dentro uma zona onde Villa aparece preferencialmente, mas a verdade é que o avançado espanhol fez o que quis deste lateral improvisado, e não fosse a grande exibição de Eduardo, teria resolvido o jogo em pouco mais do que meia dúzia de minutos, o que acabou por acontecer mais tarde provando a falência desta escolha.

Na frente a opção recaiu em Hugo Almeida, o que até poderia fazer sentido se a ideia fosse jogar com Ronaldo e Simão nas alas, mas o que se viu foi o jogador do Atlético de Madrid na posição de médio esquerdo, mais preocupado em fechar o seu corredor do que em apoiar o ataque, enquanto Ronaldo tinha liberdade para aparecer junto do ponta de lança. Parece-me que não só Simão não tem características para desempenhar aquelas funções, como neste esquema era preferível jogar com Liedson, mas a verdade é que Hugo Almeida até se portou bastante bem, lutando muito, apesar das suas limitações técnicas, no entanto o mesmo já não se poderá dizer de Simão, que foi sempre um peixe fora de água.

Apesar de todas estas opções muito duvidosas, Portugal sobreviveu a uma entrada muito forte da Espanha e lá foi conseguindo tapar os caminhos para a sua baliza, embora na hora de sair para o ataque faltasse sempre apoio para um Ronaldo desinspirado e inconsequente, chegando-se assim a intervalo com um nulo que deixava tudo em aberto para a 2ª parte, onde Portugal até entrou melhor.

Só que na hora de mexer os treinadores demonstraram as sua diferenças, pois enquanto Del Bosque substituiu um Torres inofensivo por um avançado com outro peso, Queiroz tirou o até aí incomodo Hugo Almeida, para apostar na velocidade de Danny, um plano que ele confessou que já estava traçado desde o inicio, só que o golo do inevitável Villa pelo lado do incapaz Ricardo Costa, deitou tudo a perder.

A partir daí a Espanha limitou-se a trocar a bola como gosta, enquanto Portugal raramente a conseguia ter, e as entradas de Pedro Mendes e Liedson já de nada serviram, numa altura que faria muito mais sentido que essas substituições fossem ao contrario.

No fim ganhou a melhor equipa em todos os aspectos, e só nos podemos queixar das opções infelizes e das limitações tácticas do nosso Seleccionador, sem esquecer a incapacidade de Ronaldo para ganhar jogos praticamente sozinho, pelo que devemos concluir que vamos ter pelo menos mais dois anos do mesmo, veremos se chega para ir ao Europeu de 2012.

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