A entrevista de Paulo Sérgio

Paulo Sérgio deu ontem a sua primeira grande entrevista enquanto treinador do Sporting, e um dia antes de iniciar os trabalhos na Academia, revelou uma clara intenção de marcar o terreno e impor o seu estilo e as suas ideias de uma forma clara.

Gostei da frontalidade e como já havia referido agrada-me o seu ar decidido de quem sabe o que quer, e da sua imagem de durão que não está ali para brincadeiras, é assim que tem de ser, mas algumas das suas revelações assustam-me, porque envolvem grandes riscos para os quais não sei se ele está preparado, nem se lhe vão dar a cobertura e os meios necessários.

O Sporting já apresentou três reforços, e segundo o que foi dito há para aí mais uns oito na calha. Quanto a saídas temos três dispensados, outros tantos para emprestar e não sabe quantos mais à espera de novidades, ou seja uma grande reformulação do plantel, o que vai obrigar a um começo do zero, com a agravante de o grupo estar ainda muito longe da sua configuração final, e de ter de iniciar a época mais cedo do que é habitual.

Os empréstimos de Pereirinha, Adrien, Baptista e provavelmente Mexer, parecem-me boas decisões, desde que consigam colocá-los em clubes da 1ª Liga. Quanto aos jovens que estavam emprestados e vão ter a oportunidade de fazer pelo menos uma parte da pré época em Alcochete, julgo que dificilmente ficarão no plantel, e mesmo André Santos vai ter muitas dificuldades para entrar num meio-campo onde há muita concorrência.

Dos dispensados acho que Caneira é um jogador que poderia ser útil dada a sua experiência e polivalencia, mas compreendo que o seu espaço fica reduzido com a contratação de Evaldo, e com a aposta anunciada, que eu saúdo, da contratação de um ou dois centrais com outro perfil, ou seja mais centímetros.

Também me parece acertada a contratação de um médio defensivo, e de um avançado com outra envergadura física, e até aceito a aposta em dois extremos que permitam ao treinador fazer a rotura total com aquilo que tem sido o modelo de jogo apresentado nas últimas épocas, com uma equipa montada à volta de Liedson, mas o que me assusta é ter de fazer tantas mudanças em tão pouco tempo, e ainda estar quase tudo por definir.

O que julgo ser desnecessário é a contratação de um guarda-redes, pois Rui Patrício tem vindo a evoluir satisfatoriamente, e não me parece boa ideia sentá-lo agora para meter um guardião mais velho, ou investir num jogador para ser suplente, para isso já lá temos o Tiago que desenrasca em caso de necessidade.

Em relação a Izmailov compreendi o recado no sentido do russo se definir, ou quer ficar ou quer ir embora, não pode é andar com coisas esquisitas que ninguém entende, portanto nada como uma conversa franca olhos nos olhos.

Independentemente de tudo isto julgo que Paulo Sérgio sabe bem os riscos que está a correr, pois não sendo um nome forte, nem tão pouco consensual, não vai ter grande margem de erro, nem muita tolerância da parte dos adeptos mais exigentes e insatisfeitos do mundo. Louve-se a sua coragem para pegar o toiro pelos cornos, resta saber se terá força para aguentar os derrotes.

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