Um bom rapaz

Carlos Carvalhal tem dito que quando aceitou vir para o Sporting estava consciente das dificuldades que o esperavam, e que veio com um grande espírito de missão, de resto só assim era possível aceitar aquelas condições.

No entanto como é natural o "missionário" Carvalhal também tinha as suas ambições, e certamente que pensou que poderia ter ali uma oportunidade para relançar a sua carreira, e demonstrar que tinha unhas para trabalhar num grande Clube.

Até aqui tudo bem, Carvalhal aceitou o que poucos aceitariam, e sonhou com o que todos sonhariam, mas do sonho à realidade vai uma grande distância, que ele nunca foi capaz de medir.

Sete vitórias seguidas, mas na sua maior parte em jogos de baixo coeficiente de dificuldade, bastaram para que Carvalhal afirmasse que o "seu Sporting" já estava a assustar muita gente, mas seguiram-se sete jogos sem ganhar, alguns deles verdadeiramente decisivos, e a equipa ficou fora das duas taças nacionais, e reduzida à luta pelo 4º lugar no Campeonato, safando a Liga Europa no 8º jogo.

Ao que parece nesse período Bettencourt terá ponderado a hipótese de manter Carvalhal para a época seguinte, e de o substituir de imediato, tudo um pouco ao sabor da maré, mas no fim lá veio a decisão final de optar por um novo treinador, uma opção que me parece acertada e óbvia.

Carvalhal é que naturalmente não gostou. Poderia ter batido com a porta, mas optou por ficar até ao fim da sua missão, fez bem julgo eu, só não precisava era de entrar em delírios.

Afirmar que pôs a equipa a jogar um grande futebol, que recuperou quase todos os jogadores, que era impossível fazer melhor, e que o trabalho mais difícil está feito, pelo que agora tudo será mais fácil para quem vier atrás, é estar completamente fora da realidade.

Carvalhal fez o que pôde, e dadas as circunstâncias seria difícil fazer muito melhor, mas na verdade ficará ligado a uma das piores épocas da história do futebol do Sporting, e se deu um pouco de vida a alguns jogadores, arrumou outros, e não me parece que tenha deixado nada de relevante que fique para o futuro, pelo que Paulo Sérgio vai inevitavelmente começar do zero, sendo que esse zero está bem longe das posições donde Benfica e FC Porto vão partir.

Portanto pode-se dizer que o balanço do trabalho de Carvalhal não é bom nem mau, e ele apenas deixou uma imagem de um bom rapaz que tentou evitar confusões, mesmo que fosse impossível passar incólume no meio de tantas, mas não me parece que seja o treinador que nós precisamos. De qualquer forma pela minha parte agradeço-lhe a disponibilidade e desejo-lhe sinceramente o mesmo que ele desejou ao Sporting.

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