A vida dificil de Carvalhal

Passar do oito para o oitenta no futebol é uma coisa perfeitamente normal, principalmente porque a maioria dos adeptos muitas vezes induzidos pela critica superficial que impera na nossa imprensa, olha em primeiro lugar para o resultado mais próximo, sem se preocupar em tentar perceber tudo o que se passa à volta deste entusiasmante jogo que é o futebol, que diga-se de passagem também não é propriamente uma ciência exacta onde tudo tem uma explicação objectiva e racional.

Assim depois de sete jogos sem ganhar, o Sporting de Carvalhal teve dois excelentes resultados frente a adversários difíceis como o Everton e o FC Porto, e o técnico leonino passou automaticamente da situação de pré despedido, para a condição de técnico que apesar de pouco apoiado e algo injustiçado, foi capaz de dar a volta por cima, ao ponto de merecer pelo menos o beneficio da dúvida da parte dos sportinguistas.

Ao longo destes poucos meses de Sporting, Carvalhal já teve a oportunidade de perceber o que é viver num Clube como o nosso, onde o grau de exigência dos adeptos é o mesmo dos clubes grandes, mas o tratamento que os seus elementos recebem da generalidade dos restantes agentes do fenómeno futebolistico em Portugal, não só é muito diferente daquele que é dado aos outros grandes, como chega a ser ofensivo para o Sporting.

Viver no Sporting não é fácil, ainda por cima numa situação como aquela em que Carvalhal chegou a Alvalade, no meio de um verdadeiro temporal, pelo que me parece que ele tem feito o que pode, e ás vezes melhor, outras vezes pior, a equipa lá vai andando, embora ainda longe de garantir o modesto objectivo que é o 4º lugar no Campeonato, enquanto vai alimentando o sonho europeu, que ninguém acredita que se possa prolongar durante muito mais tempo.

A questão que neste momento se coloca é se será Carvalhal o homem certo para comandar um Sporting que se anuncia como uma equipa mais ambiciosa na próxima época. Ora há aqui várias situações a considerar, a primeira das quais passa inevitavelmente pelos resultados que a equipa vai conseguir até ao final da época, e mesmo que estes sejam globalmente positivos, teremos de pensar se este treinador se enquadra naquilo que é uma nova filosofia, que terá Costinha como o homem forte que o Presidente precisa para recuperar o tempo perdido neste ano de grandes convulsões.

Uma coisa é certa, Carvalhal vai continuar debaixo de fogo, por um lado no fio da navalha dos resultados, por outro bombardeado pelos tiros no escuro de um imprensa que tenta adivinhar o que se passa nos bastidores da SAD leonina, onde é preciso preparar a temporada que aí vem, sem esquecer o que resta desta.

Para já aguardo com expectativa o regresso deste Sporting aos jogos menos motivantes, contra equipinhas à moda portuguesa, e os embates frente a um Atlético de Madrid que é assim uma espécie de versão espanhola do Sporting, isto numa altura em que as águas continuam agitadas em Alcochete.

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