Ser um clube formador

Desde sempre que o Sporting apostou nos seus jovens, iniciando e construindo uma longa tradição de Clube formador, de tal maneira que hoje a imagem de marca do Sporting é a excelência dessa formação, que no entanto não é de agora.

A partir de meados dos anos setenta em quase todas as temporadas foram promovidos alguns juniores à equipa principal e regra geral, pelo menos um acabava por se impor.

Inácio, Barão, Freire, Virgílio, Ademar, Mário Jorge, Carlos Xavier, Venâncio, Morato, Futre, Litos, Fernando Mendes, Cadete, Paulo Torres, Figo, Peixe, Dani, Caneira, Beto, Simão, Carlos Martins, Quaresma, Hugo Viana e Cristiano Ronaldo são nomes que todos os sportinguistas conhecem e que saíram das escolas do Sporting, cujo prestígio e tradição aumentavam de ano para ano.

A 21 de Junho de 2002 foi inaugurada a Academia Sporting que passou a ser o local de trabalho de todo o futebol leonino, ao serviço da preparação e dos estágios da equipa profissional e de todos os escalões de formação a partir dos 13 anos de idade e onde está instalada a nova linha de produção de talentos do Sporting.

De lá já saíram jogadores como João Moutinho, Nani, Miguel Veloso, Yannick Djaló, Rui Patrício, Daniel Carriço e Adrien Silva, que são apenas os primeiros de uma lista que se prevê interminável.

No entanto se é verdade que hoje todos os sportinguistas se orgulham da formação do Clube, também já há quem ponha em causa os resultados desse trabalho, ou porque o Sporting não conseguiu aproveitar os melhores frutos das suas escolas, ou porque a actual equipa tem muitos jovens e não consegue competir de igual para igual com Benfica e FC Porto, que investem forte em craques feitos.

Por outro lado há que critique o desaproveitamento de um jogador como Silvestre Varela e o investimento em jovens estrangeiros sem resultados visíveis, sendo que o caso de Rabiu é o mais discutido

Assim não é fácil a vida de um clube formador como o Sporting, pois por um lado os adeptos querem resultados imediatos e não estão para aturar os erros naturais em miúdos, por outro quando estes jovens se começam a destacar logo aparecem clubes com outros recursos a querer levá-los.

Para além disso não é fácil o trabalho de detecção, desenvolvimento e promoção de jovens talentos, muitas vezes aqueles que prometem muito, tem grandes dificuldades no momento da transição para o futebol sénior, enquanto há outros que conseguem dar o salto só um pouco mais tarde.

De qualquer forma parece-me que nessa área o Sporting tem trabalhado muito bem, pois todos anos entram na Academia à volta de 30 a 40 miúdos que vão passando por um processo de selecção, não sendo muito mais de 10 por fornada os que fazem a sua a formação completa em Alcochete, e saem para os seniores com esse carimbo de qualidade, sendo que alguns são logo dispensados, outros são emprestados, e apenas uns poucos seguem directamente para o plantel principal do Sporting.

Fazendo cálculos por alto eu diria que desde que a Academia está em funcionamento terão saído de lá para os seniores cerca de 100 jogadores, dos quais pelo menos 5 pegaram de estaca na equipa principal do Sporting, havendo outros tantos na vez. Ora se falhou a avaliação em apenas um caso, não me parece grave.

Agora há uma coisa que os sócios e adeptos tem de perceber, se querem realmente uma equipa formada com base na formação, tem de deixar os miúdos crescer, e tem de tolerar alguns erros.

Hoje no plantel há 8 jogadores da Academia, 4 titulares indiscutiveis, embora só Moutinho e Veloso sejam realmente jogadores feitos, enquanto Carriço e Patrício ainda estão muito verdes. Há ainda mais 2 em fase de afirmação, enquanto Yannick e Pereirinha ainda não conseguiram confirmar o seu valor e estão a perder terreno, mas para este trabalho que o Paulo Bento encetou dar realmente frutos teremos de esperar mais algum tempo, resta saber se há paciência o coragem para o fazer.

Comentários