Pela verdade desportiva

Está cada vez mais na ordem do dia a introdução das novas tecnologias no futebol, numa altura em que já é por demais evidente que há alguns lances em que é humanamente impossível aos árbitros ajuizarem em consciência, e que por outro lado a incompetência, e seguramente que em alguns casos mais alguma coisa, os impede de tomarem as decisões mais correctas.

A introdução dos fiscais de baliza foi uma tentativa de adiar aquilo que é inevitável, e apenas serviu para demonstrar que não é por haver mais árbitros em campo que teremos melhores decisões. Na passada 3ª feira em Liverpool uma falta descarada sobre Rui Patrício, passou em claro a três homens que estavam em cima da jogada, a infracção foi tão clara que só há duas hipóteses, ou nenhum deles viu, ou então fizeram que não viram. Qual delas a pior?

Lembro-me também de um lance no jogo do Sporting com o Herenveen, em que Caneira safa uma bola em cima da linha de golo, com um salto acrobático, perante o ar aparvalhado do fiscal de baliza, que seguramente ainda hoje não sabe se aquela bola entrou ou não, nem ele nem ninguém, porque é humanamente impossível ter a certeza numa jogada daquelas, como de resto se pode dizer a mesma coisa de muitos foras de jogo, em que os fiscais de linha nunca vão puder decidir em consciência, perante a rapidez das jogadas e as movimentações dos jogadores.

Estas dificuldades levam a que os fiscais de linha na dúvida levantem a bandeira, pois é mais cómodo para eles anularem uma jogada limpa, que na maior parte das vezes não se sabe no que ia dar, do que deixarem passar um golo em fora de jogo. Assim a táctica do Benfica de jogar com uma defesa subida que encurta os espaços às equipas adversárias, é um sucesso garantido, pois atrás dessa defesa, há sempre um libero de bandeirinha no ar, a cortar tudo o que mexe, como se tem visto nos últimos jogos.

Em Portugal ultimamente também se tem falado na profissionalização dos árbitros, e na vinda de equipas de arbitragem estrangeiras, para arbitrar os jogos do nosso Campeonato. Sou a favor destas medidas, mas também tenho de dizer que não é por serem profissionais, ou deste ou daquele país, que os árbitros vão ficar mais competentes ou honestos, embora possam melhorar as suas aptidões, e estar menos sujeitos a pressões, com estas duas medidas.

O que tem mesmo de mudar é a mentalidade dos dirigentes, em primeiro lugar para permitirem que os árbitros sejam ajudados a decidir bem, com meios que hoje facilmente poderão ser postos à disposição deles, e depois na forma como se avaliam, classificam e nomeiam as equipas de arbitragem.

Ontem no Porto esteve aquele árbitro da mão do Henry, que apesar desse erro crasso, continua a fazer parte do grupo da elite e foi eleito para estar no Mundial, deve ter sido um prémio para o trabalhinho que fez. De resto na terça feira tive a oportunidade de ver o Olegário em Milão, a arbitrar um jogo grande, e demonstrar toda a sua incompetência, ao ponto de provocar sorrisos desdenhosos dos jogadores, tantas foram as asneiras que fez. Eu já nem pergunto como é que ele conseguiu chegar ao topo em Portugal, porque num país onde o Bruno Paixão chega a internacional tudo é possível, mas como é que um árbitro tão mau chegar ao grupo da elite da FIFA? Pois é lá fora é como cá dentro, não são os melhores que sobem, são aqueles que se sabem mexer nos bastidores, não há outra explicação.

Já agora por falar no tal rapaz que gosta de mostrar as partes às mulheres policias, o que dizer da sua nomeação para o jogo do Porto na passado fim de semana, depois do trabalhinho que ele tinha feito no Belenenses-Braga? Foi um prémio. O pobre do Pedro Henriques é que caiu na asneira de anular um golo ao Benfica e esteve mais de um mês de castigo, e o Proença já ficou esta semana de fora porque não viu o que o seu fiscal de linha deveria ter visto em Braga. Já o Benquerença que foi muito rigoroso no derby da Taça da Liga, mas que acha que o Luisão pode dar pontapés nos adversários à vontade, tem carta livre e está nomeado para o jogo de domingo no Dragão. Temos barraca garantida.

O missal já vai longo mas não posso deixar de insistir na ideia do vídeo árbitro e do "olho do falcão", duas medidas muito simples que resolveriam grande parte dos problemas que se colocam hoje aos árbitros, sem necessidade nenhuma de andar sempre a interromper o jogo, e pelo contrário até permitindo uma maior fluidez ao mesmo.

Com um árbitro cá fora só para avaliar os foras de jogo e a interromper apenas na certeza e quando a vantagem estivesse do lado da equipa que ataca, e outro com a missão de interromper o jogo quando detectasse agressões ou jogadas com a mão, e de esclarecer o árbitro de campo em relação à localização de faltas por ele assinaladas, enquanto o "olho do falcão" permitiria detectar se a bola estava dentro o fora do campo, teríamos seguramente um jogo melhor e mais verdadeiro, que é afinal aquilo que não agrada aos que estão habituados á ganhar à conta do controle das arbitragens.

Como grande apaixonado pelo futebol espero não morrer antes de ver isto a funcionar, mas sei que as resistências serão ferozes, resta saber até quando.

Como sportinguista gostava de ver o nosso Presidente a empenhar-se nisto e a lutar sem tréguas conta os olegarios e os paixões, em vez de perder o seu tempo a planear uma candidatura consensual à Liga porque chegou à conclusão óbvia de que no futebol português o crime compensa.

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