Diagnóstico

Entradas displicentes no jogo, recuos excessivos e quebras de rendimento súbitas, falta de agressividade defensiva do meio-campo, debilidades a defender o futebol aéreo, principalmente nas bolas paradas, falta de capacidade ofensiva dos laterais, e dificuldades em encontrar o parceiro ideal para Liedson e um nº 10 com qualidade, foram os maiores problemas do reinado de Paulo Bento, que Carlos Carvalhal agora herdou e que está a tentar resolver.

A questão da agressividade foi parcialmente resolvida com a entrada de Adrien Silva na equipa, mas julgo que este jovem terá de ser rapidamente educado, pois já teve algumas entradas a roçar a violência que lhe poderiam ter valido cartões vermelhos desnecessários, para além de por vezes insistir em passes de risco em zonas proibidas. De qualquer forma parece-me inegável que nesta área a equipa fica mais forte com Adrien em campo, mesmo assim a chegada de mais um trinco com outra experiência não será de excluir.

No que diz respeito ao jogo aéreo continuo a pensar que falta ao Sporting um central com um perfil diferente da actual dupla formada por Carriço e Polga, o que deverá implicar o fim da linha para o central brasileiro que comanda a defesa leonina várias épocas, pois o seu jovem parceiro já é hoje o melhor elemento deste sector, e a sua evolução não deve ser travada, sendo que na minha opinião por agora Tonel é a melhor opção para jogar ao lado dele. Para já foi contratado o moçambicano Mexer, mas trata-se de um jogador pouco experiente que ainda é uma incógnita, pelo que acredito que um dos próximos reforços a ser anunciado poderá ser um central.

Quanto aos laterais julgo que na esquerda o problema poderá ser resolvido com Veloso e acredito que Grimi é um jogador com potencialidades, que de resto demonstrou na sua primeira temporada em Alvalade. Mas no lado direito faltava acima de tudo qualidade, isto apesar da minha admiração por Abel devido ao seu carácter e profissionalismo, que no entanto não apagam as suas dificuldades, principalmente na marcação. Com a contratação de João Pereira julgo que este problema ficou resolvido, e bem.

De todos os avançados que passaram nos últimos tempos pelo Sporting, Derlei foi aquele que melhor casou com Liedson, mas agora o "levezinho" é obrigado a jogar sozinho na frente, o que é um novo problema, não apenas devido ao facto dele não estar habituado nem vocacionado para jogar assim, mas também porque não temos jogadores no plantel capazes de lhe darem o apoio de que ele necessita neste novo esquema de jogo, e aqui chegamos a Matias Fernandez que tem inegavelmente muita qualidade técnica, mas que parece ser um jogador com medo de assumir as suas responsabilidades, e que muitas vezes desaparece do jogo, para além de aparentemente preferir jogar mais de trás para a frente, e menos junto da área. Julgo que o problema deste internacional chileno está na sua cabeça, ele precisa de uma injecção de confiança que o faça acreditar nas sua inegáveis potencialidades.

Por tudo isto é inevitável uma ida ao mercado de inverno, até para dar um abanão num plantel onde há alguns jogadores a quem falta qualidade, e outros que parecem acomodados, mas a margem de erro na escolha dos reforços é muito curta, e como o dinheiro é pouco, a tarefa da nova estrutura do futebol leonino não se adivinha fácil.

Resta ainda saber se Carvalhal depois dos resultados menos animadores com o seu esquema de jogo preferido, vai continuar a insistir nele, o que implicará mais mexidas do que uns simples retoques para melhorar a qualidade do plantel e aumentar o lote das opções, ou se a escassez de meios o vai obrigar a aproveitar o muito de bom que foi feito por Paulo Bento, até porque ele é um treinador a prazo e não vai ter tempo nem tolerância para errar muito, e terá de apresentar resultados imediatos, que terão que no mínimo passar pelo 4º lugar no Campeonato, a conquista de uma ou duas Taças, e a passagem mais uma ou duas eliminatorias da Liga Europa.

Portanto ou vem um avançado para o lugar de Caicedo e mais um médio que possa jogar pelas alas, ou então a aposta recai numa mudança clara que implicará a contratação de verdadeiros extremos, um cenário no qual não acredito nem me parece muito aconselhável.

Agora segue-se um mês de muita agitação no qual Carvalhal terá de formar definitivamente a sua equipa, para mostrar o que vale até ao fim da época, pelo que o seu sucesso depende da sua capacidade de fazer o diagnóstico correcto da actual situação, e encontrar os remédios adequados para solucionar os problemas existentes.

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