Um Presidente de cabeça perdida

Já aqui escrevi em tempos que um dos factores necessários para ser Presidente de um Clube como o Sporting era ter muito estômago para aturar alguns adeptos que passam a vida a falar mal de tudo e mais alguma coisa, não se coibindo de insultar de uma forma gratuita e muitas vezes cobarde, e são esses que geralmente exigem muito e não dão nada.

Está visto que José Eduardo Bettencourt não reúne essa condição. Nos últimos dias o Presidente do Sporting revelou ser muito emotivo e demasiadamente autêntico, qualidades que facilmente se tornam em defeitos quando se está a desempenhar funções onde às vezes é necessário fingir ser surdo, e ter habilidade para fazer alguns malabarismos perante aqueles que se acham no direito de dizerem tudo o que querem, mas que depois não admitem receber o troco na mesma moeda. Essa faceta de politico Bettencourt também não tem.

As recentes declarações de Bettencourt chamando "cretinos" a alguns sócios do Sporting e ameaçando-os de expulsão do Clube, são muito graves principalmente porque ele afirma que há quem financie determinadas acções destabilizadoras praticadas por esses sócios. Perante a gravidade destas acusações julgo que o Presidente tem a obrigação de "pôr o nome nos bois" e explicar quais as motivações dessa gente, e quem é o "Harri Batasuna", sob pena de ficar desacreditado, numa altura parece estar de cabeça perdida.

Eu sei que não é fácil ter de aturar essa gente, mas ele já sabia que era assim, e a verdade é que a opção pela continuidade de Paulo Bento se revelou como um erro que Bettencourt não só parece recusar-se a reconhecer, como está aparentemente a tentar encontrar bodes expiatórios e conspirações em todo o lado, numa altura em que o mais importante seria que ele se concentrasse na procura de soluções para alterar o que está mal, e não em abrir novas frentes de combate numa guerra que não pode ganhar sozinho, por mais razões que tenha para se sentir isolado e desiludido com muita gente.

Com a equipa de futebol de rastos, os adeptos divididos entre os desanimados e os revoltados, sem treinador nem Director Desportivo, a única coisa que nos faltava agora era um Presidente descontrolado. Vamos lá a ver se há alguém capaz de o chamar à razão, porque caso contrário a coisa pode complicar-se ainda mais.

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