Os inimigos internos

José Eduardo Bettencourt foi muito duro em relação a alguns sportinguistas, chegando mesmo a falar de terrorismo e grupos organizados e instrumentalizados. Ribeiro Teles afirmou que os principais inimigos do Sporting estão no próprio clube, e que há gente a mais a falar. Paulo Bento avisou o Presidente de que se se rodear de pessoas erradas, mais tarde ou mais cedo acabará por cair. Três tiros certeiros, três alvos diferentes.

Parece-me indesmentível que há um grupo organizado cujo principal objectivo é derrubar aquilo que consideram ser uma oligarquia que governa o Sporting há 14 anos, e promover uma rotura com o passado recente. Esse grupo tem várias franjas, e é essencialmente movido a toque de um ódio doentio, que arde em lume brando há alguns anos, mas que toma proporções maiores quando alimentado pelas derrotas da nossa equipa de futebol. Uma coisa é certa, eles não vão parar nunca, e estarão sempre escondidos à espera de uma oportunidade para atiçarem a fogueira, seja com lenços brancos, com insultos ou pedradas, e o desejo deles, seja velado ou descarado, é que o Sporting vá para o fundo, para assim poderem aparecer a dizer que tinham razão. São os tais que sabem tudo, mas nunca fazem nada.

Há também os "notáveis", alguns dos quis já tiveram a sua oportunidade de mostrar serviço, com os resultados que se conhecem, mas que mesmo assim não resistem à atracção pelas luzes da ribalta, e sempre que lhes põe um microfone à frente, lá estão eles a dar os seus sábios "bitaites", mas pelo menos não escondem a cara, embora tal como os primeiros também estejam à espera que o barco vá ao fundo para darem asas às suas ambições.

A frontalidade de Paulo Bento levou-o a apontar o dedo a Rogério Alves e Sá Pinto, dois homens que estando dentro do Sporting cedo se puseram fora. Não sei se a substituição do primeiro por Dias Ferreira na Presidência da Assembleia Geral do Clube, deixou marcas, mas Alves sabe que tem um grande capital de simpatia junto dos sócios, que lhe permite sonhar com um lugar que aparentemente não quis no Verão passado. Quanto ao antigo avançado leonino, era previsivel a sua subida na hirarquia do Clube, principalmente pela grande popularidade que ele desfruta junto dos sócios, e que muito jeito dá nesta altura a Bettencourt, para acalmar os mais exaltados, mas como Paulo Bento disse às vezes há cedências que se pagam caro.

Uma coisa é certa nesta altura vive-se uma paz podre no Sporting, que começa por um Presidente que se descontrolou perante um inicio de temporada desastrado, que fragilizou a sua posição, de tal forma que nesta altura não se sabe bem quem está com ele, ou quem está à espera que ele caia, e termina num treinador a prazo, com uma missão quase impossível entre mãos.

A coisa chegou a um ponto tal que nos últimos tempos tem-se multiplicado as declarações de unidade e apoio à equipa e ao treinador. Foram as claques, foi a AAS, foi o Conselho Leonino, todos dizem estar do mesmo lado, mas na hora do aperto é que se quer ver, e não tenho duvidas que nessa altura muitos vão saltar fora, porque a hipocrisia é um exercício muito caro aos oportunistas.

Os próximos meses prevêem-se algo agitados e bastante difíceis para Bettencourt, veremos se ele será capaz de sobreviver.

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