As mensagens do Presidente

Até parece que foi de propósito, mas seguramente que os últimos recados de José Eduardo Bettencourt nada tiveram a ver com aquilo que eu aqui escrevi em resposta a um comentário do Felizberto Desgraçado, à minha mensagem "Treinador".

No entanto o que o nosso Presidente disse vai muito de encontro àquilo que em penso em relação a uma minoria de sportinguistas que parecem apostados em transformar o Sporting num clube diferente para melhor, na opinião deles é claro, manifestando repetidamente o seu desagrado pelo rumo seguido nos últimos anos.

Infelizmente essas criticas aparecem sempre no dia seguinte a um mau resultado da equipa de futebol mesmo que ainda estejamos no inicio da época, e é nessas alturas que encontram algum eco junto dos sócios e adeptos, principalmente entre os mais jovens, a quem é cada vez mais difícil passar a mensagem, o que é preocupante pois os mais velhos não são eternos, e os da minha geração começam a revelar um certo cansaço e em alguns casos falta de memória.

Foi por isso que há algum tempo atrás eu resolvi escrever no Fórum SCP/Porta 10-A, uma dúzia de tópicos sobre a história do Sporting, que mais tarde deram origem à Wiki que está hoje disponível naquele espaço, da qual eu tenho sido um dedicado colaborador, apesar de me parecer que nem uma nem outra iniciativa, serviram de muito.

Conforme disse o Presidente, o Sporting é um Clube centenário com uma história, um passado e uma cultura que não podem nem devem ser esquecidos, mas todos sabemos que quando a bola não entra nas balizas adversárias, há sempre adeptos mais impacientes a exigir sangue, esse é um folclore, para não lhe chamar outra coisa, que faz parte do futebol, mas quando essa agitação é organizada e parte de grupos com algumas responsabilidades dentro da "família sportinguista", então é realmente caso para nos preocuparmos.

No entanto como eu já tinha escrito noutra altura, é preciso ter realmente muito estômago para entrar numa aventura como esta de ser Presidente do Sporting Clube de Portugal, é que não basta ter de enfrentar os clubes rivais, os árbitros, os organismos que regem o futebol, a imprensa, o poder politico subserviente e cobarde, é preciso também ter cuidado com alguns dos que estão do lado de cá da barricada, que parecem desejar deitar tudo por terra, só para terem razão por uns instantes e assim torna-se muito difícil levar o barco a bom porto.

Comentários

  1. Meu caro Tomané,

    A "cultura" que mencionei antes não tinha nada que ver com estratégia ou planeamento, algo que o clube nem sequer desenvolve com propriedade, ou não estivéssemos já na fase III daquilo que começou por ser o Projecto Roquette.

    Tu tratavas de um tópico (o treinador), aludindo à manutenção e estabilidade de determinadas apostas (onde se inclui a elevação dos jovens formados nas escolas), plano aliás que há anos é gerido como o "plano Ferguson", com as mais variadas participações de dirigentes e notáveis no apoio a esse tipo de evolução.

    Pretendia apenas referir, porque é no que acredito, que esse não é, nem de perto nem de longe, o único ou o presumivelmente mais vitorioso rumo que poderemos eleger. E dei exemplos claros.

    Aposta na formação? Mas é claro, sempre o entendi assim, já desde a altura em que o Sporting jogava com 6/7 titulares com menos de 21 anos na equipa principal.

    Mas não foi há 2 anos, nem há 15. Foi em meados dos 80, altura em que comecei a ver futebol e me habituei a ver a defesa jogar com 3 titulares nessas condições, quando não incluindo também o guarda redes.

    Afirmar, como agora é habitual, que foi esta estirpe de dirigentes que decididamente avançou para essa aposta é que é não conhecer ou não querer aceitar uma determinada realidade só porque interessa mais à defesa que se pretende fazer da situação.

    Quanto às novas declarações de JEB e no presunçoso defender da tal "cultura" sportinguista, era bom perguntar-lhe o que queria efectivamente dizer, porque do actual presidente já estou habituado a ouvir uma coisa hoje e outra diferente no dia seguinte.

    Pareceu-me perceber a elevação de processos e posturas já com muitas dezenas de anos, tantos quantos o clube tem, mas como não me canso de ouvir ao mesmo tempo o "discurso" actualizado aos nossos dias de que um clube hoje é empresa, que deve ser gerido por gente fora do âmbito do associativismo, que necessita refundar ideias e actualizar-se para o séc XXI, fico efectivamente sem perceber afinal qual o jogo de Bettecnourt.

    Ou será que é aceitável que, para aquilo que lhe interessa no momento, possa utilizar o recurso do passado umas vezes e a sua negação noutras?!

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  2. Meu caro Felizberto, é evidente que o teu comentário à minha mensagem "Treinador" nada tinha a ver com o assunto que agora tratei aqui, o mesmo não se pode dizer em relação à minha resposta a esse teu comentário e foi só isso que eu referi.

    Quanto ao resto é claro que o Sporting tem uma longa tradição enquanto clube formador. Não reconhecer isso faz tanto sentido como não aceitar que com o aparecimento da Academia, esse trabalho passou a ser sistematizado e foram criadas condições para que se possa a curto prazo construir uma equipa com uma base alargada de jogadores formados em Alcochete.

    Hoje temos 9 jogadores da Academia no plantel principal, dos quais 4 são titulares indiscutíveis e outros 3 jogam regularmente, acredito que se deixarem, daqui por pouco tempo poderemos dobrar esses números, e ao mesmo tempo usufruir da vantagem de ter jogadores experientes e com a nossa cultura assimilada ao longo dos anos.

    Curiosamente nesse período a que te referes eu vivia em Lisboa, pelo que acompanhei ao vivo essas equipas que realmente chegaram a ter 6 ou 7 jogadores da formação, o que não quer dizer que tivessem menos de 21 anos, pois o Carlos Xavier e o Mário Jorge já eram mais velhos.

    Noutra geração mais recente também tivemos Figo, Peixe e Paulo Torres na equipa principal, embora rodeados de gente mais experiente e com grande qualidade.

    Nada disso invalida que agora estejam reunidas condições ímpares para rentabilizar ao máximo esse trabalho, desde que deixem, repito

    Finalmente também devo dizer que não percebo em que é que a viragem do Clube para o futuro poderá chocar com os princípios que sempre o nortearam no passado, embora a questão da SAD seja sempre bastante delicada

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