Vamos a contas

Não tenho formação académica na área das finanças, mas sempre gostei de fazer contas e considero-me um gestor de sucesso da minha economia familiar, tratada com continhas de merceeiro que no fim batem sempre certo, mesmo que às vezes necessitem de uns retoques. Portanto foi com esses olhos que estive a estudar cuidadosamente o interessante mapa publicado no blog da candidatura Sporting Global http://sportingglobal.blogspot.com/search/label/programa

Do referido mapa pode-se concluir que as receitas do Sporting actualmente rondam os 50 milhões € aos quais acrescem os proveitos resultantes da participação nas competições da UEFA, que não sendo garantidos já atingiram os 8 milhões. Acredito que com uma equipa de sucesso se consiga fidelizar e aumentar o número de sócios, e ao mesmo tempo vender mais bilhetes e produtos Sporting, mas não me parece que seja possível arrecadar mais 10 milhões, que pelas minhas contas correspondem aos 18% apontados pela candidatura Ser Sporting, até porque a meta dos 150 mil sócios é completamente irreal.

Quanto aos custos eles rondam nesta altura os 45 milhões, e também não me parece que seja possível fazer crescer os proveitos sem aumentar o investimento, nesse aspecto mais uma vez o blog do Sporting Global apresenta um esquema onde se explica como se pode valorizar a marca Sporting, do qual eu penso que não há como fugir.

Sendo assim não acredito que seja possível baixar os custos em 15%, mesmo que se possa emagrecer o Grupo Sporting, o que também irá ter os seus custos, e renegociar com a banca. Acho mesmo que a tendência será para subir, pois não há outra forma de competir e ganhar a adversários cujos orçamentos chegam a atingir o dobro do nosso.

Grosso modo e com continhas de merceeiro, eu diria que se tivermos gastos na ordem dos 50 milhões poderemos ultrapassar os 60 milhões na coluna dos ganhos, o que dará pelo menos para alimentar a dívida, o que já chegou a custar perto de 20 milhões/ano, mas agora com a redução do passivo e com a baixa da Euribor, vai certamente ficar abaixo dos 13 milhões que se verificaram esta época, e portanto mais coisa menos coisa chegamos ao fim com um saldo igual a zero.

Então como é que se vai investir? Soares Franco já tinha dito que ou se abatia o passivo para libertar verbas para esse investimento, ou se vendiam jogadores. Tenho algumas reservas em relação ao plano de reestruturação do actual Presidente do Sporting, principalmente em relação à passagem da Academia para a SAD, mas percebo que sem isso os potenciais investidores não vão ser muitos, pelo que fico à espera de mais explicações de Bettencourt que é quem vai herdar este plano.

Quanto a vender jogadores, há jogadores e jogadores. Para já deve-se começar por incutir na rapaziada da Academia que estão ali para se prepararem para jogar no Sporting, e que depois de chegarem à equipa principal só podem sair se houver quem cubra as respectivas clausulas de rescisão, pois contra isso não há nada a fazer.

Assim preservam-se e valorizam-se os melhores, e se for possível vender um ou outro dos menos valiosos e lá de vez em quando fazer um grande encaixe, óptimo, caso contrário temos uma base estável e mais gente a sair da Academia. Vender mal para comprar pernas de pau é que não. Esta época por exemplo eu vendia o Veloso para ir buscar um ou dois jogadores, a não ser que ele queira entrar no espírito da equipa, sem reservas.

Ainda no que diz respeito ao reforço da equipa, parece-me que a ideia de fazer um fundo de jogadores pode ser aproveitada desde que fiquem excluídos os frutos da Academia, mas se houver possibilidade de partilhar os riscos e os eventuais lucros de investimentos, acho que a coisa tem pernas para andar.

Voltando ao mapa exposto no blog de Souto, não podemos fugir da questão do passivo que de repente subiu até aos 340 ou 360 milhões, por razões que certamente o Ser Sporting irá explicar, respondendo ao desagrado já manifestado por Soares Franco, ao mesmo tempo que Bettencourt também não poderá fugir desta questão.

No entanto o passivo será sempre um número assustador a pesar sobre as cabeças dos homens que geriram o Grupo Sporting nos últimos anos, mas o que conta verdadeiramente para a gestão corrente são os custos desse passivo.

Concluindo, parece-me que os pressupostos em que assenta o programa do Ser Sporting são demasiadamente optimistas, o que poderá fragilizar esta candidatura quando confrontada com números objectivos, enquanto de Bettencourt se esperam as tais explicações que todos possam perceber sem ficarem maçados com coisas muito complexas.

Comentários

  1. Oh Tomané, desculpa lá mas tu analisas um mapa do Sporting Global para avaliares as propostas do Ser SPorting??!!

    Se queres avaliar o Sporting Global, fa-lo, agora para avaliares as propostas do Ser Sporting deves esperar pela documentação que este apresentar, documentação aliás que, ao contrário da do Sporting Global, vem directamente do CD do Sporting.

    PS. Para veres como te podes enganar, os 18% de aumento da receita não é apenas da quotização/bilhete época do esperado aumento de associados.

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  2. Meu caro Felizberto o mapa que eu analisei não é do Sporting Global, foi publicado no site deles, mas parto do princípio que não inventaram aquilo. Das duas uma, ou recolheram dados que são públicos, ou tal como o Ser Sporting tiveram acesso a documentação vinda do Conselho Directivo, portanto parece-me que as conclusões que tirei tem bases objectivas.

    Já sei que há a questão do passivo, que vai seguramente ser discutida nos próximos dias, mas não se vai chegar a nenhuma conclusão no meio do fumo que vão ser as questões técnicas que vão ser lançadas pelos dois lados, mas como eu já disse o passivo será sempre um número assustador, no entanto o que interessa é quanto ele custa e como é que se vai pagar.

    Eu também não escrevi em lado nenhum que os 18% de aumento da receita eram apenas da quotização/bilhete época resultante do esperado aumento de associados, o que eu disse foi que o numero de 150 mil sócios é irreal e que sem um maior investimento que possibilite a construção de uma equipa mais forte não há mais sócios, mais vendas nem mais nada.

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