Estalou o verniz

Ontem foi um dia triste para o Sporting a começar pelo lamentável episódio das ameaças e empurrões ao Dias Ferreira e a terminar na forma como Paulo Cristóvão tentou imputar as responsabilidades do sucedido à candidatura de Bettencourt.

O candidato da oposição tinha começado por fazer um assinalável esforço para manter uma postura elevada e dar uma imagem de credibilidade, chegando ao ponto de em comunicado repudiar e lamentar a forma pouco elegante como Pedro Souto se referiu a Carlos Barbosa da Cruz, onde se se dizia:
Independentemente da diferença de pontos de vista e opções estratégicas para o
futuro esta campanha deve, conforme aliás já assumido pela Candidatura Ser
Sporting, ser pautada pela elevação e respeito entre sportinguistas, focando-se
as alternativas no esclarecimento das suas propostas

No entanto com a entrada em cena de José Eduardo Bettencourt, o discurso começou a endurecer, não sei se numa estratégia assumida, ou se foi simplesmente o verniz rasca que começou a estalar, o que é certo é que dos "pavões anafados" e "esta gente" desceu-se para um patamar abaixo do nível que estamos habituados a ver no clube do lado e a tal discussão pautada pela elevação e respeito entre sportinguistas, focando-se as alternativas no esclarecimento das suas propostas, tornou-se impossível.

Não acredito que Bettencourt entre neste jogo, e o mais certo é que a partir de agora Cristóvão fique a falar sozinho, pelo que não vai haver debate de ideias, nem esclarecimentos para ninguém, simplesmente teremos duas candidaturas cada vez mais separadas, cada uma a falar para o seu lado, e sendo assim não me parece que vá haver muito mais para comentar sobre estas eleições.

Eu já tinha escrito aqui que Paulo Cristóvão tinha sido uma espécie de "foi o que se pode arranjar" num processo que não foi pacifico na escolha do líder da oposição, que agora se revela como um erro crasso, pois esta postura trauliteira que já era previsível, entusiasmará a minoria fundamentalista que sempre se opôs à situação, mas em contrapartida afasta e assusta a ala moderada onde a oposição teria de conquistar votos.

Enfim o caldo está entornado e não há volta a dar. José Eduardo Bettencourt será o próximo Presidente do Sporting Clube de Portugal e não vai mudar muita coisa, terá um estilo diferente mais interventivo e mais próximo dos sócios e do futebol, mas não fará milagres e provavelmente o plano de reestruturação financeira de Soares Franco será consumado com um ou outro retoque, e com todos os riscos daí inerentes.

Quanto à tal minoria fundamentalista, continuará a insultar, a insinuar e a falar mal de tudo e de todos, cada vez mais fechada dentro dos seus espaços próprios, onde exultarão se se consumarem algumas das desgraças que anunciam, e festejarão engolindo em seco os sucessos do Sporting, pois afinal também são sportinguistas.

E assim se perdeu uma bela oportunidade de pelo menos despertar consciências e de mostrar que há gente com ideias, capacidade e qualidades para dar novos rumos ao Sporting.

Comentários

  1. Fico satisfeito por ler novamente alguém que sempre gostei de ler - pela sensatez na escrita - no fórumscp.

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  2. Vou fazer um pequeno resumo do que foi falado na sessão de esclarecimento:

    - Foram demonstradas as contas consolidadas à data de Junho (?) de 2008, fornecidas pelo CD, onde consta um passivo de 361M€ e um activo de 265M. A diferença entre os valores apresentados pelo Ser Sporting e o CD reside no facto deste último apenas apresentar as contas da SAD+Clube e o Ser Sporting apresentar de todas as empresas do Grupo Sporting. Assim, o Grupo Sporting apresenta actualmente 95M€ negativos de capitais próprios.

    - Nos últimos 13 anos a SAD teve prejuízos operacionais na ordem dos 187M€.

    - O Ser Sporting já tem um pré-acordo com uma entidade para a construção de uma Pavilhão, com custo 0 (zero) para o Clube. PPC afirmou que se não vencer as eleições, passa para a direcção eleita o que já conseguiu, mas duvida que seja aproveitado tendo em conta as várias recusas do CD a propostas anteriores.

    - O Ser Sporting já está em conversações com a CML para negociar a localização do Pavilhão nas antigas piscinas do Campo Grande existindo ainda um 2º terreno em análise (Horta Nova?).

    - Margarida Caldeira da Silva disse que há 3 anos, quando estava na direcção, houve propostas de Juntas de Freguesia interessadas em receber um pavilhão do Sporting e a Direcção negou sempre.

    - Já existem 2 autarquias muito interessadas num futuro projecto da Cidade Desportiva (a médio prazo, após a valorização e venda da Academia).

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  3. Como o MRG teve a amabilidade de disponibilizar um resumo daquilo que foi exposto ontem na sessão de esclarecimento do Ser Sporting aproveito para expor as minhas dúvidas em relação às propostas financeiras da lista de Paulo Cristóvão e já agora sobre o passivo.

    Começo precisamente por esse "papão", para dizer que continuo sem perceber nada. João Mineiro afirmou que o Sporting tem 340 milhões de passivo. 230 milhões são da dívida à banca, 40 milhões são dívidas a outros credores e o restante corresponde a proveitos diferidos. Do outro lado Soares Franco já replicou que falar nesses números sem os explicar não é correcto, mas também não explicou nada, e é ele que os deveria explicar, mas parece que não está com muita vontade de o fazer, tal como José Eduardo Bettencourt que também foge desse assunto como o diabo da cruz. Sendo assim fiquei na mesma, pois não sei quem são os outros credores, nem o que são "proveitos diferidos", nem se tudo isto não passa de questões de engenharia contabilística entre as diversas empresas do Grupo Sporting.

    Quanto ao resto parece-me que as verdadeiras questões não foram colocadas, ou seja como é que se vai aumentar os proveitos em 18% que pelas minhas contas são 10 milhões, e reduzir os custos em 15%, quando me parece evidente que sem investimentos não é possível ter uma equipa mais forte e ganhadora, e sem ela não há mais sócios, nem mais vendas, nem mais nada.

    Dizer que já há um pré-acordo com uma entidade para a construção de uma Pavilhão, com custo zero para o Sporting, é fácil quando não se diz quem é essa entidade e o que é que eles recebem em troca, mas isso o José Roquete também dizia que o Estádio novo se ia pagar a ele próprio. Mas esses milagres de gestão nunca me entusiasmaram muito.

    Sobre a Cidade Desportiva nesta altura nem vale a pena falar, pois ninguém sabe o que se vai passar em Alcochete, e pensar agora em mais obras até me assusta.

    Enfim nesta altura de um lado temos uma serie de propostas que me parecem irrealizáveis e do outro ainda não se sabe bem o que é que temos, porque o candidato só resolveu avançar à última da hora, mas mesmo assim prevê-se que o caminho a seguir seja mais ou menos o mesmo que Soares Franco tinha preconizado, ou seja de uma forma ou de outra não estou a ver um futuro próximo muito risonho para o Sporting.

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