Uma Assembleia Geral feita à pressa

Estou incondicionalmente de acordo com tudo o que permita o alargamento do universo dos sócios votantes e aberto a ponderar as outras alterações como a criação das Assembleias Referendaria e Delegada, eleitas pelos sócios que lhes delegariam algumas competências, pois está mais do que visto que o modelo actual não funciona e em nada prestigia o Clube, resultando na maior parte das vezes em sessões longas, desordenadas e pouco esclarecedoras, onde nunca há tempo para todos falarem e muitas vezes acabam por acontecer desacatos.

No entanto não posso aceitar que tudo isto seja feito à pressa, com o evidente propósito de conseguir a aprovação de medidas tão importantes para o futuro do Clube e ao mesmo tempo geradoras de fundados receios da parte dos sócios, como sejam a transferência da Academia e do Estádio para a SAD e a emissão das VMOC. Estes são assuntos que devem ser muito bem esclarecidos e ponderados e não podem nem devem ser impostos à pressa por uma Direcção que está de saída.

Espero pois que os sócios tenham o bom senso de não permitir esta jogada de Filipe Soares Franco, que deveria explicar os porquês disto tudo agora à última da hora.

Comentários

  1. Amigo to-mane,

    Desculpa-me mas vou dissecar o teu artigo para ser mais fácil mostrar a minha opinião.

    Quanto ao 1º parágrafo:
    Eu também estou de acordo com tudo o que permita o alargamento dos sócios votantes, como por exemplo o voto descentralizado. Quanto às Assembleias Referendárias e Assembleias Delegadas estou totalmente contra pois acabam quase totalmente com a participação dos sócios na vida activa do Clube.
    As Assembleias Referendárias serão apenas para votar questões estruturantes do Clube, como projectos financeiros e venda de participações ou património. Como não se aprovam projectos financeiros todos os anos e como pouco mais há a vender, estas Assembleias Referendárias só se realizariam muito raramente.

    As Assembleias Delegadas, pelo que li, serão compostas por 200 membros escolhidos em eleições. Para já quem se pode candidatar? É o Conselho Directivo que elabora uma lista? Qualquer um se pode candidatar? Esta Assembleia Delegada só poderia ser realmente representativa se não houverem várias condicionantes à escolha dos membros, como se antevê que aconteça. E uma outra questão é que este Conselho Directivo só propõe esta Assembleia Delegada para evitar os sócios incómodos que colocam questões incómodas. Se a Assembleia Delegada for representativa a dita "minoria de bloqueio" também estará representada com 34% dos membros. Outra questão que este Conselho Directivo coloca é que as actuais Assembleias Gerais são ingovernáveis. Mas temos que nos lembrar que a grande maioria não tem mais de 100 participantes. E querem então uma Assembleia Delegada de 200 membros?

    A Assembleia Geral é o espaço de excelência para o debate de opiniões contrárias, onde o sócio pode tomar uma decisão fundamentada. Aliás, foi através de uma Assembleia Geral que ficámos a saber que a Academia não é do Sporting. Algo que nunca foi dito anteriormente aos sportinguistas. Não é através da comunicação social sobre a qual qualquer, e repito, qualquer Conselho Directivo tem uma posição privilegiada que se vão discutir os prós e contras de determinada medida que irá ser levada a Assembleia Referendária.

    Quanto ao 2º parágrafo
    Estou totalmente de acordo. Estas alterações Estatutárias têm como propósito único a aprovação de medidas que já foram reprovadas anteriormente pelos sócios na AG de Maio de 2008. Se a preocupação com os sócios fosse genuína, estas alterações estatutárias já teriam sido propostas antes dessa mesma AG de Maio. O que me custa mais é que se estas alterações forem aprovadas, a Assembleia Referendária para a aprovação do Project Finance está marcada para o final deste mesmo mês. Que discussão pública poderá existir em menos de 15 dias? Como se pode hipotecar todo o futuro do Sporting em apenas meia dúzia de dias?

    Quanto ao 3º parágrafo:
    Também eu espero o mesmo, mas não acredito que tal venha a acontecer. Prevejo que nesta AG de alteração dos estatutos nunca venha a ser referida pela direcção a palavra project finance. Irão falar sim em aumentar a base de decisão dos sócios, numa participação democrática e outras questões muito interessantes mas que aqui só vão camuflar a verdadeira razão: aprovar algo que já foi reprovado anteriormente.

    Quanto à proposta de conferir o direito de voto aos sócios correspondentes discordo totalmente. O que distingue actualmente o sócio efectivo do sócio correspondente é a contribuição monetária de cada um para o Clube, o que acarreta diferentes direitos que lhe assistem. Estar a conferir o direito mais precioso, o de voto, a sócios que contribuem menos (e atenção que falo sempre a nível monetário) para o Clube é estar a nivelar "por
    baixo". Estou certo que muitos sócios, como eu, escolheram a categoria de efectivo porque queriam ter uma palavra a dizer nos destinos do Cube. Se todos passam a ter o direito de voto, para quê ser sócio efectivo se posso ser sócio correspondente? Se esta medida for aprovada e vai trazer graves problemas...

    Abraço

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  2. Antes de mais nada quero agradecer a tua participação, é sempre um gosto trocar opiniões com que é capaz de o fazer.

    Passando por cima dos pontos em que estamos de acordo vamos às Assembleias, que como eu escrevi atrás é uma questão que estou disposto ponderar.

    O que interessa é salvaguardar o que é que deve ser sujeito a um referendo onde todos os sócios possam participar decisivamente, e o que é que passa para a tal Assembleia Delegada, é isso que deve ser muito bem estudado e discutido.

    As actuais AG tem pouca participação apenas quando se referem à aprovação de contas, ou outros assuntos pouco apelativos, e aí não há problemas pois só lá vão os indefectíveis.

    O pior é quando se tratam de assuntos fracturantes, aí aparece mais gente. Inscrevem-se para falar dezenas de pessoas e quando já estão todos saturados, aparece a sacramental proposta para se avançar para as votações, antes que adormeça toda a gente.

    Depois seguem-se as intermináveis sessões de braço no ar e respectivas contagens, por vezes com acusações de manipulações várias, e no meio disto tudo ainda há o pessoal da última fila que se acha no direito de chamar nomes aos que não pensam como eles, o que por vezes acaba mal.

    Enfim não me parece que sejam sessões prestigiantes e nem que estejam de acordo com a cultura centenária do nosso Clube.

    A forma como essa Assembleia seria eleita deve ser discutida com calma, mas na minha opinião terá de contemplar todas as tendências existentes no Clube e como é evidente devem haver condicionantes, mas não no sentido que tu referes.

    Repara que vamos ter brevemente eleições para os Órgãos Sociais do Clube, e dentro da oposição e se calhar mesmo na situação há algumas diferenças, assim poderíamos perfeitamente ter quatro, cinco, ou mais listas candidatas à Assembleia, e apenas dois candidatos à Presidência, dando assim voz a uma sensiblidade que não apoiasse nenhum desses candidatos.

    Um movimento como o Leão de Verdade, ou até mesmo o Fórum SCP, dificilmente poderá gerar uma lista para as eleições para Órgãos Sociais do Clube, mas não teria grande dificuldade para fazer uma lista para a Assembleia Delegada, e se calhar ganharia visibilidade e legitimidade num cenário destes.

    Quanto aos às categorias de sócios, eu comecei por ser efectivo no tempo que vivi em Lisboa, depois fiquei desempregado e deixei de pagar as cotas, quando voltei a ter condições para ser sócio exigiram-me que pagasse tudo o que tinha em atraso, como estava no principio da minha vida e a viver aqui no Açores resolvi passar a ser correspondente uma vez que iria perder a antiguidade, aliás foi isso que me aconselharam a fazer.

    Entretanto já voltei a ser efectivo, por isso conheço os dois lados e parece-me que nesta altura há um dado novo a ter em conta, que é a possibilidade de votarmos à distancia, coisa que não sendo possível deixava a maioria dos correspondentes, como era o meu caso, afastados das AG.

    Com este novo cenário penso que faz sentido alargar o universo dos votantes aos correspondentes, desde que tenham um peso menor do que os efectivos, mas exclui-los das grandes decisões da vida do Clube é que não me parece justo.

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