Quem quer ser Presidente do Sporting?

O único momento em que Dias da Cunha e Soares Franco estiveram em sintonia no recente debate realizado na SIC, aconteceu quando o primeiro se referiu às pessoas que o insultavam na altura em que ele era o Presidente do Sporting, o que o segundo aproveitou para dizer que eram as mesmas que agora o tinham como alvo.

Já no Congresso Leonino José Eduardo Bettencourt tinha atirado:

Sinceramente, do fundo do coração, tenho pena de não poder corresponder a este desafio, tenho pena de não poder ser eu a congregar este clã, que é fantástico. Se eu pudesse candidatar-me, teria de pensar nas vezes que levei com pedras, nas vezes em que tive facas apontadas à barriga a proteger os meus filhos atrás, as vezes que andei a contar dinheiro para ver se podia pagar ao final do mês. As pessoas também têm de pensar nisso na hora da tomada de decisões. Estou a pensar no Sporting ao dizer isto, gostava que fossem criadas condições para que as pessoas pudessem tomar decisões sérias. Porque hoje em dia nem toda a gente está para aturar certas coisas ...... Sentia que se alguma vez estivesse estado com essa possibilidade passaria sete noites sem dormir e a rebolar-me na cama. Porque isto não é para qualquer um. E quando ouço falar em certos nomes, sinceramente com todo o respeito, acho que preferia ser inconsciente. Porque os inconscientes abraçam tudo e as pessoas com algum sentido de responsabilidade pensam um bocadinho mais nas coisas. Portanto, eu gostava que houvesse menos nomes, e que houvesse pessoas a fazer melhor as continhas, a pensar melhor nas propostas antes de as fazer, porque isto quando se pensa ser alternativa é uma coisa, mandar bocas é outra.
Mais recentemente Soares Franco justificava assim o facto de não se recandidatar:

..... fui sistematicamente ofendido, insultado e maltratado, o que provoca
saturação. Estou saturado de ser maltratado por pessoas a quem eu não reconheço
capacidade para o fazerem porque dediquei todo o meu amor a esta causa durante
quase quatro anos. Se mais e melhor não fiz foi porque não sabia. Quem dá o que
tem não merece o insulto e a ingratidão
E se recuarmos alguns anos chegaremos ao tempo em que José Roquete pagou do seu bolso para que Santana Lopes desse a cara pelo seu "Projecto", pois não estava para aturar certas coisas, e quando teve de assumir a Presidência não aguentou muito tempo, batendo com a porta depois dos habituais apertos que se seguem aos resultados menos bons.

O que motivará então esta gente a concorrer à Presidência do Sporting Clube de Portugal? Paixão e ânsia de protagonismo serão as respostas mais óbvias, mas ninguém duvide que é preciso muito estômago para aguentar a irracionalidade dos adeptos da bola, que na sua generalidade exigem muito e dão pouco.

Ao longo dos anos tenho assistido a uma crescente falta de respeito da parte dos sócios e adeptos para com aqueles que dedicam uma parte das suas vidas ao Sporting e que ultimamente atingiu proporções nunca antes vistas, com o alimentar de ódios de um grupo que mais do que soluções procura culpados para imolar, dividindo os sportinguistas entre os bons e os maus, ou os iluminados e os carneiros.

Chegamos a um ponto que me parece que uma vez que Soares Franco não está disposto a levar o seu projecto a eleições, e que nenhum dos pesos pesados desta Direcção está disponível para a sucessão, seria melhor que abrissem o caminho ao aparecimento de outras vias, e a uma pacificação do Clube, mesmo que se saiba que haverá sempre gente sequiosa de sangue, porque essa é também uma forma de ser e estar tipicamente "tuga", brilhantemente definida pelos romanos há alguns séculos atrás, quando se referiram aos lusitanos como "um estranho povo que não se governa nem se deixa governar"

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