Os efeitos da Assembleia-Geral

A proposta de uma alteração estatutária transitória, que permitiria referendar o plano de reconversão financeira gizado por Filipe Soares Franco, não obteve os 75% de votos favoraveis que necessitava para passar na Assembleia Geral do Sporting Clube de Portugal, realizada ontem, pelo que o referido plano a avançar, terá de passar por uma nova reunião magna do Clube, a acontecer nos moldes tradicionais, e que em principio realizar-se-à no próximo dia 8 de Maio, onde será necessária uma maioria qualificada de dois terços, para aprovar as propostas do Conselho Directivo.

No entanto aquilo que aparentemente foi uma vitória da oposição, poderá ter uma leitura bastante diferente se projectarmos estes resultados como um forte indicador para a próxima assembleia, onde os 72% de votos favoráveis agora obtidos, serão mais do que suficientes para aprovar o plano de reconversão financeira de Soares Franco.

É claro que pode haver oscilações nos resultados, mas os indicadores são claros, e não me parece que possa haver uma mudança tão pronunciada no sentido do voto dos associados do Sporting, a não ser que surja efectivamente uma alternativa válida e construtiva, pelo que a oposição terá de arranjar rapidamente um nome credivel, e principalmente um projecto sustentado, que faça com que os sportinguistas acreditem que há outros caminhos, que não os propostos pelo actual Presidente do Sporting.

Parece-me aliás que esse projecto já deveria ter aparecido, mas se calhar os nomes mais fortes da oposição estavam à espera desta especie de sondagem, para saberem com o que poderiam contar, e a verdade é que os resultados são pouco animadores, pelo que é com naturalidade que parece emergir um nome pouco sonante como Paulo Cristóvão, que a confirmar-se terá a dura tarefa de se credibilizar rapidamente, mostrando o que tem para oferecer, porque tiradas como aquela dos rugidos e dos miados, só servem para entusiasmar os que já são contra a situação actual, mas não convencem mais ninguém.

Entretanto Soares Franco levantou a hipoteses de avançar já para as eleições, desistindo da Assembleia-Geral agendada para 8 de Maio, o que por um lado colocaria algumas dificuldades acrescidas à oposição, que ficaria ainda com menos tempo para apresentar o seu programa, que evidentemente ainda não existe, e por outro lado o libertaria das inevitaveis pressões para se recandidatar, se o seu plano for aprovado, porque se a opção for seguir o caminho previsto, não haverá candidato da continuidade até que se conheça o desfecho da próxima Assembleia-Geral, caso contrário então sim ficaremos a conhecer já o nome do secessor de Filipe Soares Franco.

Cada vez mais distante parece estar a solução de consenso protagonizada por Pedro Souto e que só seria possivel num cenário em que o plano de reconversão financeira gizado por Filipe Soares Franco fosse reprovado, o que afastaria definitivamente o actual Presidente da corrida, e deixaria a linha da continuidade fragilizada e em grandes dificuldades para encontrar um candidato forte à sucessão.

Duas notas finais, uma para a forma ordeira como a reúnião decorreu, outra para o facto de desta vez terem sido comtabilizados não só o numeros de votos, mas também o numero de votantes, o que fez cair o mito de que os resultados seriam muito diferentes, se não houvesse uma diferença tão substancial de peso entre os sócios mais antigos e os mais novos. Afinal mesmo contabilizando apenas as cabeças a diferença entre os resultados alcançados seria minima, apenas 2,66%.

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