O debate

Tal como se previa o debate de ontem entre Soares Franco e Dias da Cunha foi pouco esclarecedor e nada prestigiante para o Sporting.

Pior do que isso foi a confirmação das dificuldades retóricas do antigo Presidente leonino, que somadas à sua evidente falta de preparação em dossiers fundamentais, o tornaram numa presa fácil para o seu sucessor.

Numa primeira fase os dois dirigentes tentaram explicar o processo que levou à passagem de testemunho de um para o outro, mas nem Dias da Cunha conseguiu justificar a sua saída extemporânea da Presidência do Sporting Clube de Portugal, nem Soares Franco esclareceu o que o terá levado a candidatar-se às eleições que se seguiram, indo um pouco contra a sua natureza, posta a nu na tal carta agora divulgada pelo seu antecessor, e que de resto apenas veio de encontro a declarações públicas do seu autor, feitas na altura em que a escreveu.

Depois entrou-se na questão do "buraco" e das contas, onde Dias da Cunha se afundou no meio de um turbilhão de números que arrasaram a sua gestão e que não foi capaz de rebater, e mesmo quando poderia ter conseguido empurrar o jogo para o terreno do adversário, colocando na mesa uma questão que lhe foi sugerida pelo "Movimento Leão de Verdade", acabou por trocar os números e deixar que Soares Franco escapasse ileso, sem ter de explicar qual o actual passivo do Grupo Sporting, e para onde foram os milhões resultantes da alienação do património não desportivo e da venda do Nani.

Por outro lado as questões relativas ao plano de Soares Franco que está em curso, passaram praticamente ao lado do debate, sem que Dias da Cunha fosse capaz de obrigar o Presidente do Sporting a explicar porque é que quer a toda a força aprovar medidas fundamentais para o futuro do Clube, quando já declarou repetidas vezes que não se irá recandidatar ao cargo que desempenha, questão que aliás o moderador inexplicavelmente não colocou na mesa, numa altura em que cresce uma vaga de fundo para convencer Soares Franco a inverter essa decisão, e que poderá ganhar um grande impulso se a próxima Assembleia Geral lhe for favorável.

Em conclusão direi que Dias da Cunha prestou um mau serviço à oposição, da qual é indiscutivelmente um dos membros com maior visibilidade, e a sua presença neste debate, agora, só foi possível devido à desorganização resultante da ausência de uma voz de comando que congregue as várias facções que já levantaram a voz contra este Conselho Directivo, numa altura em que já devia haver um candidato com propostas alternativas ao plano de Soares Franco.

Comentários

  1. O teu último parágrafo ainda é o que me preocupa mais.

    Até agora temos alternativa zero!

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