O Congresso Leonino

Como é evidente não estive em Santarém no fim-de-semana passado, no entanto tentei acompanhar o que se passou no Congresso Leonino através da Comunicação Social e de outros testemunhos que fui encontrando na Internet.

Vou deixar para depois a análise ás deliberações, uma vez que elas ainda não foram publicadas, e vou-me centrar nos relatos das ocorrências que se dividem entre os elogios à organização e à forma elevada como tudo decorreu, e as criticas que incidem especialmente no alegado condicionamento a alguns delegados da oposição e na proposta de louvor ao Conselho Directivo e à Comissão Organizadora do Congresso, que Paulo Abreu colocou na mesa no fim dos trabalhos.

Dias da Cunha já dera o mote quando afirmou que este Congresso ia ser um beija-mão à Direcção, ao mesmo tempo que alertava para a possibilidade da existência do Clube ficar em causa, se forem aprovadas as medidas que Soares Franco se prepara para propor em Assembleia Geral, e no fim Abrantes Mendes e Isabel Trigo Mira manifestaram o seu desagrado com a forma como o Congresso tinha decorrido quando ainda ecoavam os aplausos e os vivas ao Sporting da cerimónia de encerramento.

Penso que a Direcção do Sporting preparou realmente bastante bem este congresso, que também foi aproveitado para pressionar Soares Franco a recuar na sua intenção de não se recandidatar à presidência do Clube, mas já se sabia que era impossível que as eleições passassem completamente ao lado de um evento como este.

O que me parece evidente é que mais uma vez a oposição não fez o trabalho de casa, e mostrou falta de capacidade para apresentar as suas ideias e fazê-las passar. Se calhar até faltou coragem para aparecer. Realmente é muito mais fácil juntar meia dúzia de pessoas na última fila de um pavilhão, para fazerem um bocado de barulho, no meio de insultos, ameaças e palavrões, ou escrever uns textos inflamados por aí na Internet, do que dar a cara e expor ideias, por isso há que destacar o esforço daqueles que pelo menos tentaram.

Infelizmente continua a haver quem se ache no direito de chamar nomes aos que pensam de uma forma diferente da deles como se fossem os donos da verdade, quando deveriam antes reflectir sobre as razoes porque não conseguem fazer passar as suas ideias. Será que elas são assim tão boas e acertadas como eles pensam? Será que não abusam da crítica destrutiva e se esquecem de apresentar alternativas?

Também acredito que não tenham facilitado a vida às vozes discordantes, e sei que não é fácil passar a mensagem num ambiente adverso, no entanto não me admiro nada que haja um certo exagero nas críticas, até porque já estou habituado às conjunturas maquiavélicas de alguns que estão convencidos de que há um grupo de sportinguistas que querem, vá-se lá saber porquê, acabar com o Sporting.

O que é certo é que o congresso foi aberto a todos os sócios, com regras claras e atempadamente explicadas em sessões de esclarecimento que despertaram pouco interesse, pelo que só não foi lá quem não quis, e mesmo os que não podiam ir ou não se sentem à vontade para se exporem publicamente, tinham a possibilidade de darem voz a um seu representante, pelo que não lhes fica bem, estar agora a pôr em causa aqueles que lá foram dar o seu contributo e que apoiaram de uma forma clara a politica da actual Direcção.

De qualquer forma as deliberações do Congresso não são vinculativas, constituindo apenas um bom instrumento de trabalho para os candidatos à Presidência do Sporting Clube de Portugal e é como tal que devem ser encaradas, quer pela situação que não se deve sentir tentada a abusar deste voto de confiança, quer pela oposição que deve perceber que a maioria dos sócios acredita nas linhas mestras propostas por Soares Franco e que vai continuar a fazê-lo pelo menos enquanto não lhes mostrarem um caminho alternativo.

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