Sporting-Braga 2-3

Cinco golos num jogo onde estavam as duas defesas menos batidas do campeonato, frente a ataques não muito produtivos, e ainda por cima sem Liedson em campo, poderá ser considerado pouco normal, mas deverá ter alguma explicação.

A 1ª parte foi aquilo que se esperava: O Braga muito bem organizado a pressionar alto, e o Sporting com muitas dificuldades para sair a jogar. No balanço apenas uma oportunidade de golo, resultante de um duplo erro de Rochemback e Carriço, valendo Rui Patrício que fechou muito bem a baliza, assim o nulo era quase inevitável.

Ao intervalo eu pensava que aquilo só se poderia resolver com um erro, ou uma jogada de inspiração, enquanto Paulo Bento pensou que devia dar mais largura ao jogo da equipa, e trocou Caneira por Veloso, não me pareceu má ideia.

Mas o erro não demorou muito, Patrício e Derlei duas vezes, e golo. Se já estava difícil, passou a estar bem pior. Paulo Bento reagiu de imediato, recorrendo a Tíui o único avançado que tinha no banco, e sacrificando Pereirinha. Eu teria tirado o desastrado Abel, mas pronto não foi por aí, até porque seguiu-se o melhor período do Sporting que chegou ao empate, Derlei novamente, agora em momento de inspiração.

Chegara a altura das grandes decisões, em campo e nos bancos, o perfil das duas equipa indicava que o jogo ia acalmar, mas o Sporting revela alguma ansiedade e desprotege a guarda. Rochemback não consegue aguentar as cavalgadas do meio campo adversário reforçado por Mossóro, e Jesus parece sentir que pode ganhar o jogo, mete Matheus e prepara Orlando Sá.

No entanto o segundo golo não se admite a uma equipa que quer ser campeã. Que passividade no meio-campo, que ingenuidade no centro da defesa, onde Polga pareceu ter a mesma idade do seu parceiro. 1-2 faltam 10 minutos, já poucos acreditam.

O jogo entra naquela fase onde já é difícil controlá-lo, e vai-se partindo, acontecem mais dois golos, ou terá sido apenas um? O fiscal de linha viu a bola dentro da baliza, mas o 2-3 chegou muito tarde.

Lá se foi a possibilidade de nos aproximarmos dos dois da frente, já vão 7 pontos perdidos em três jornadas e desta vez ao mau resultado acresce a exibição muito pobre, mas não se pode deixar de dar mérito ao Jesus que realmente com arbitragens assim, não teria perdido nem na Luz nem no Dragão e poderia estar mais à frente.

Comentários

  1. Este Sporting é realmente um case study quando se encontra em situação de apróximação ou mesmo superação em relação aos outros candidatos. Não dominaas emoções e perde toda objectividade.

    No meu entender é aqui que reside a maior deficiência do Paulo Bento. Não é capaz de galvanizar emocionalmente a equipa. Foi particularmente notório no jogo com o Barça quando o Sporting entrou claramente COM MEDO e a tremer e só quando se viu a perder por muitos é que mostrou espirito guerreiro.

    Também o jogo dos 5-3 contra o benfica é prova disso mesmo. Foi o Derlei que encontrou maneira de inspirar o grupo e o grupo superou-se com com tanta força...Memorável. O espirito fez a diferença. O poder da mente!

    O Paulo é pragmático demais e deixa pouco espaço a emoção. A emoção faz parte do jogo e quem a consegue dominar e utilizar faz a diferença nos momentos cruciais. Scolari trabalha só com este factor e foi campeão do mundo mas sendomau tacticamente nunca consegiu superar equipas que mentalmente são muito fortes casos da alemanha, frança, italia...e gréciano euro 2004.

    Mourinho é de longe o treinador que mais consegue dominar este factor e é por isso que uma das facetas das suas equipas é o espirito demolidor que apresentam quando o resultado é mais adverso.

    Dominar as suas emoções é a chave para o sucesso e faz a difereça entre ser primeiro ou segundo. É necessário incutir este aspecto fundamental nas camadas jovens do Sporting.

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  2. Tocas num ponto realmente importante pois o factor psicológico é fundamental principalmente numa área com tanto mediatismo como é o futebol.

    Não tenho tanta certeza é de que esse seja o grande problema do Paulo Bento. Os treinadores capazes de mexer com a cabeça dos jogadores como faz o Mourinho não são muitos, ou melhor são quase nenhuns. Assim mesmo desconhecendo o que se passa no balneário, a gestão que ele faz do grupo não me merece grandes reparos.

    O que não me parece mesmo nada é que o Sporting tenha entrado com medo do Braga. Hoje as equipas conhecem-se perfeitamente, todos sabem muito bem como jogam os seus adversários, e quando há algum equilíbrio, as equipas encaixam e depois são os pormenores que resolvem os jogos.

    Neste jogo o Sporting em primeiro lugar não foi capaz de sair da pressão alta que o Braga fez logo à partida e depois quando tentou arriscar mais um pouco, cometeram-se erros imperdoáveis na defesa, não me parece que tenha sido uma questão de medo ou falta de atitude. Isso do vamos para cima deles e arrasamos, é para os Manchesteres e os Barcelonas.

    Também penso que muitas vezes confunde-se o bom futebol, com o futebol de ataque, e aqui eu estou de acordo com a teoria que defende que uma boa equipa se constrói de trás para a frente, o Braga é um bom exemplo disso, tal como o Brasil de 82, o Real Madrid dos galácticos, ou até mesmo o Sporting de Peseiro, são o exemplo contrário e demonstram o que pode acontecer a equipas desequilibradas defensivamente, por mais arrojadas e virtuosas que sejam.

    Estou completamente de acordo com a importância do factor psicológico e com necessidade de o trabalhar na Academia, e acho que seria aí que o Tomás Aires poderia ter um intervenção relevante, mas também não podemos discutir isso muito a fundo, pois não sabemos o que se passa em Alcochete.

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