O que se podia mudar.

Voltando à questão das regras, parece-me ser inevitável que mais dia menos dia os árbitros passem a ter o auxilio de alguém que de fora esteja a ver o mesmo que todos nós já vemos hoje nas nossas casas, e que resolverá facilmente as questões relativas ao fora-de-jogo e às bolas fora ou dentro, mas enquanto não chegamos lá, há outras alterações que podem ajudar.

Estou-me a lembrar de um golo do Postiga, obtido em posição irregular, salvo erro contra o Belenenses, em que o fiscal de linha foi iludido pelo facto do guarda-redes estar adiantado, e por isso só um jogador estava entre o avançado e a linha de golo. Ora bastava alterar a lei, passando a exigir-se apenas um jogador a colocar o receptor da bola em jogo, deixando o guarda-redes de contar para o efeito. Isto iria não só facilitar a vida aos homens da bandeirinha, como permitiria mais alguns golos.

Outra questão muito discutida ao longo dos anos, é a da bola na mão, ou mão na bola, cuja regra deixa ao critério dos árbitros a ingrata missão de julgar as intenções dos jogadores. O caso do golo invalidado ao Benfica frente ao Nacional, é o exemplo de um lance onde parece não haver intenção do jogador em jogar a bola com a mão, mas a verdade é que foi o braço do jogador do Benfica que alterou a trajectória da bola, colocando-a nos pés de quem a meteu na baliza.

E no golo recentemente anulado ao Postiga, no jogo da Taça da Liga com o FCP. Será que o avançado do Sporting meteu a mão à bola, ou ela simplesmente bateu-lhe fortuitamente e foi para a baliza? É complicado não é? Então porque não determinar que é falta sempre que um jogador jogue a bola com a mão ou com o braço, independentemente de ser ou não intencional e retirar aos árbitros o peso ou o poder de decidirem como lhes apetece?

Outra situação que depende da boa ou má vontade do árbitros, é a questão da marcação rápida das faltas. Esta temporada o Sporting já sofreu dois golos em que os adversários aproveitaram a cumplicidade do árbitro, para reporem rapidamente a bola em jogo, enquanto nos foi invalidado um golo marcado em situação idêntica, no jogo com a Académica.

Afinal qual é o critério? Porque é que os árbitros ás vezes mostram o apito, e noutras deixam andar? A resposta parece-me simples. Não há critério nenhum, e nas leis do jogo não há nada que obrigue o árbitro a apitar antes da marcação de uma falta, excepto no penalti, pelo que essa coisa da formação das barreiras é algo que não tem cobertura legal.

Os jogadores da equipa que beneficie de uma falta deveriam estar autorizados a repôr a bola em jogo logo que assim o entendessem, a não ser em casos em que o árbitro entendesse haver a necessidade de interrompe-lo por outro motivo, enquanto os da equipa penalizada teriam de se colocar à distância regulamentar, fora da qual não poderiam interceptar a bola, sob pena de serem penalizados com uma nova falta e cartão amarelo.

A introdução do tempo útil de jogo é outra alteração que me parece fácil de aplicar, e com evidentes vantagens. Deveria haver um cronometro visível para todos, que só parava por ordem do árbitro, em casos como golos, lesões, substituições ou outras interrupções forçadas do jogo, e assim acabavam-se as fitas e os descontos ao sabor dos critérios dos árbitros.

Finalmente também me parece ridículo que os árbitros continuem a apontar num livrinho as ocorrências do jogo, quando há um quarto árbitro que parece que só serve para vigiar os treinadores e mostrar as placas das substituições.

Estas são apenas algumas alterações que no meu entender dariam mais dinâmica ao jogo, permitiriam mais golos e retirariam algum poder aos árbitros. Algumas delas são até bastante fáceis de por em pratica, outras não evitariam polémicas, mas mesmo assim parecem-me vantajosas.

Comentários

  1. Introdução do tempo útil de jogo: concordo, mas discordo quanto à aplicação em situação de lesão, até porque muitas delas são fita e o árbitro não pode decidir qual é fita ou qual dói mesmo. Quanto a esse caso proponho algo mais radical e que aprecio bastante no Râguebi: os jogadores lesionados são assistidos no campo pela equipa médica sem que o jogo seja interrompido.

    Quanto ao livrinho do árbitro, é uma aberração e não se entende porque tem que se parar o jogo para o árbitro (e os assistentes) apontarem. E agora quando houver mais dois árbitros atrás das balizas, são mais dois a apontar e o árbitro na cabine a continuar de braços cruzados.

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  2. Por isso mesmo, se o cronometro parar nas interrupções motivadas por lesões as fitas deixam de fazer sentido.

    A comparação do Râguebi com o futebol faz-me lembrar uma coisa curiosa: os "matacões" que andam atrás da bola oval passam o jogo todo à porrada uns nos outros e lesionam-se menos do que os artistas da bola redonda que caem e choram ao mínimo contacto.

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