A lenta evolução do futebol

O futebol deve ser a modalidade desportiva cujas regras menos alterações sofreram desde os seus primórdios até aos nossos dias, e apesar de estarmos em pleno Século XXI onde os avanços da tecnologia atravessaram todas as áreas duma sociedade globalizada, contribuindo decisivamente para o seu desenvolvimento, no futebol as resistências a essa evolução continuam fortemente enraizadas.

As primeiras regras escritas do futebol datam de 1848 e à semelhança do Râguebi proibiam o passe para a frente. Assim prevaleciam as acções individuais numa total anarquia táctica.

Em 1866 surgiu a lei do fora-de-jogo. Passou a ser permitido passar a bola para a frente, mas o jogador que a recebia tinha de ter entre si e a linha de baliza, pelo menos três adversários. Esta alteração mudou completamente a face do jogo, que no entanto continuava a ter um cariz marcadamente ofensivo, com a táctica predominante a ser o 2x2x6, que anos mais tarde se transformou em 2x3x5.

Em 1925 a lei do fora-de-jogo passou a ser praticamente igual à que hoje todos nós conhecemos, permitindo um significativo aumento do número de golos e resultando daí também profundas alterações tácticas, com a novidade do WM de Herbert Chapman, o primeiro revolucionário do futebol, que no comando do Arsenal de Londres introduziu importantes alterações no posicionamento dos jogadores, com o aparecimento de um defesa central que marcava o avançado centro, e o recuo de dois dos jogadores da linha avançada para as posições que passaram a ser chamadas de interiores, desenhando um quadrado no meio-campo.

Considerada como a mãe de todas as tácticas, o WM inicialmente foi criticado por ser defensivo, mas mostrou-se equilibrado e eficiente, sendo rapidamente adoptado em toda a Europa, e prevalecendo durante cerca de 30 anos, sendo o ponto de partida para as variantes introduzidas pelas grandes equipas húngaras da década de 50, que ficaram conhecidas pelo MM e UM.

Com o aparecimento do Brasil como grande potência do futebol mundial, surgiram o 4x2x4 e o 4x3x3, este último ainda hoje muito utilizado como alternativa ao predominante 4x4x2, e a outras variantes mais defensivas, que foram alterando o jogo e tornando-o mais monótono.

Mas se as tácticas foram mudando, as regras nem por isso. O fora-de-jogo por exemplo apenas sofreu uma pequena alteração no sentido de que o jogador que estiver em linha com o segundo defesa, passasse a ser considerado em posição regular.

De resto as únicas alterações relevantes nas regras do jogo de que me lembro, foram a introdução das substituições e a mais recente proibição dos guarda-redes tocarem com as mãos, as bolas jogadas com os pés pelos seus companheiros de equipa.

No entanto há tanta coisa que se poderia e deveria ter feito, mas como o missal já vai longo as sugestões ficam para a próxima.

Comentários

  1. E nem tão cedo as leis vão mudar. Da próxima reunião do International Board, as alterações propostas que se destacam são: Aumento do número de substituições de 3 para 4, em jogos em que haja prolongamento; Caso seja utilizado algum material, na parte exterior das meias, como fita ou algo similar, este deve ser da cor das meias; Aumento do tempo de intervalo de 15 para 20 min.

    Como vês, são reformas profundíssimas que em tudo visam a melhoria do espectáculo. Tudo vai continuar na mesma enquanto beneficie quem de interesse.

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  2. Essa do aumento do período de intervalo tem evidentes motivações comerciais e parece-me muito má para os jogadores e público em geral

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