Dias Ferreira, Souto e Cristóvão

A candidatura da situação continua a ser cozinhada no forno, enquanto alguns nomes já foram sendo queimados em lume brando, de tal forma que perante as sucessivas recusas dos pesos pesados da "oligarquia", Dias Ferreira emerge como uma forte possibilidade, principalmente devido ao seu mediatismo, que lhe permitiu acumular muitas simpatias entre os sócios do Sporting.

Com Dias Ferreira teríamos um Presidente muito diferente de Soares Franco, pois estamos a falar de um homem que tem o coração muito perto da boca e que certamente terá muita facilidade em relacionar-se com os sócios, ao mesmo tempo que conhecendo o futebol português por dentro e por fora, não terá dificuldades em movimentar-se nos tortuosos bastidores do mundo da bola. Ou seja iríamos ter um Presidente muito mais interventivo, mas se calhar menos paciente do que o que seria recomendável, pelo menos no que diz respeito ao futebol de que ele seria inevitavelmente o homem forte, enquanto as questões financeiras ficariam a cargo dos responsáveis por essa área, onde ele defende o rumo traçado pelo seu antecessor.

Em suma parece-me um bom candidato para a continuidade, ou pelo menos o candidato possível, restando saber como vão reagir as diversas sensibilidades que estão em campo, nomeadamente Menezes Rodrigues que defendeu que deveria ser um membro do actual Conselho Directivo a dar seguimento a este projecto, e Rogério Alves que continua a ser uma peça importante neste puzzle.

Entretanto Pedro Souto apresentou finalmente o seu modelo de sustentabilidade financeira, que também assenta no plano de Soares Franco, apontado como uma base de partida positiva que eventualmente pode sofrer alterações com a aprovação da banca, acrescentando outras medidas, a começar pelas já mais do que conhecidas, contenção de despesas, aumento das receitas e gestão profissional, transparente e moderna, passando por planos que suscitam algumas duvidas e desconfianças, como a criação de um fundo de jogadores e a questão das apostas, e terminando com a ideia da quota suplementar, que me parece positiva na medida em que responsabiliza os sócios, principalmente se essa contribuição for destinada às modalidades, mas que provavelmente estará destinada ao fracasso. Em suma parece-me tudo feito um bocadinho à pressa, numa candidatura que se está a atrasar e precisa de nomes que a credibilizem porque é evidente que não há ali um trabalho de fundo.

No sentido contrário continua a candidatura da oposição, apostada em ganhar visibilidade com Paulo Cristóvão a desdobrar-se em intervenções públicas, onde tem sido notório o esforço de transmitir uma imagem de grande sentido de responsabilidade e elevação, de tal forma que não lhe ficou bem chamar "pavões anafados" aos actuais dirigentes do Sporting, principalmente depois daquele comunicado moralista a criticar uma intervenção infeliz de Pedro Souto.

O futebol será inegavelmente uma das questões centrais nesta campanha eleitoral, pelo que penso que a partir de agora com a situação da equipa definida, já não fazem sentido os cuidados excessivos na abordagem deste tema, o que não quer dizer que se devam começar a anunciar contratações, mas julgo que Cristóvão não deve ter medo de assumir uma posição em relação a Paulo Bento, que me parece evidente será no sentido contrário à já anunciada por Souto, e à que se prevê seja adoptada pelo candidato da continuidade, não o fazer agora parece-me uma posição demasiado calculista, para não dizer oportunista. Se há um candidato que tem de ser objectivo para ganhar terreno é este, aliás se algum ganho ele já conseguiu foi precisamente por ter posto as cartas na mesa.